Todos conhecem a expressão “banalidade do mal”. Cunhada pela filósofa alemã,  naturalizada norte-americana, Hannah Arendt, para descrever a personalidade e o comportamento do nazista Adolf Eichmann que, em seu julgamento, alegava ter agido, durante a Segunda Guerra Mundial, no estrito cumprimento do dever, tão somente cumprindo burocraticamente ordens superiores.

Eichmann demonstrou ser incapaz de ponderar sobre o bem ou o mal que suas ações poderiam causar. Não objetivava o mal em si, mas apenas o tratava como rotina de trabalho. O mal, para ele, era algo banal. Eichmann ignorava o bem da coletividade, o interesse comum. Importava-se apenas com seus desejos de ascensão na escala de poder nazista.

Estamos assistindo, em Porto Alegre, fenômeno similar. Destruir parques e entregá-los para a iniciativa privada – Harmonia, Marinha e Redenção (por enquanto); vender empresas públicas – DMAE e Carris; chamar de revitalização um projeto que nada mais faz do que possibilitar cercar um grande arroio da cidade com aglomerados de altos edifícios – Arroio Dilúvio; entregar a manutenção das escolas para a iniciativa privada; propostas de alterações no Plano Diretor que beneficiam empresas da construção civil; a revitalização do 4º Distrito; Fazenda do Arado.

Esse é o marco burocrático de Porto Alegre. Não importa o bem da coletividade, mas apenas o de uma camada muito privilegiada. A camada que poderá pagar caro para frequentar os “espaços gastronômicos e de turismo” sendo erguidos nos parques; a camada que não precisará andar nos ônibus privatizados, a camada que já possui os 110 mil imóveis vazios da cidade (Censo 2022).

E tudo gira em torno da construção civil e da meia dúzia de grandes empresas que dominam o mercado imobiliário em Porto Alegre.

Ignoram os agentes o mal que fazem para mais de 80% da população de Porto Alegre que não mora nas zonas centrais, onde ficam todos os “empreendimentos do programa de governo” e que 70% não tem sequer renda suficiente para declarar imposto de renda, que dirá, então, para usufruir a “cidade moderna do futuro”. E, pior, gastam de duas a três horas por dia em um transporte público precário.

O mal em Porto Alegre é algo banal. A gentrificação em curso é algo banal. As reais necessidades das comunidades periféricas são banais.

Isso ficou muito claro no Seminário realizado dia 22/07 na revisão do Plano Diretor: é uma revisão para os “negócios”. Negócios na zona central. Para a burocracia municipal e sua ideologia, importam os negócios, o resto são banalidades. Do mal.

Há muito vivemos sob o império da banalidade do mal em Porto Alegre.

https://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2023/07/banalidade-do-mal.jpeghttps://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2023/07/banalidade-do-mal-150x150.jpegLuiz Afonso Alencastre EscosteguyE aí, PrefeitoBanalidade do Mal,Plano Diretor,Porto AlegreTodos conhecem a expressão “banalidade do mal”. Cunhada pela filósofa alemã,  naturalizada norte-americana, Hannah Arendt, para descrever a personalidade e o comportamento do nazista Adolf Eichmann que, em seu julgamento, alegava ter agido, durante a Segunda Guerra Mundial, no estrito cumprimento do dever, tão somente cumprindo burocraticamente ordens superiores. Eichmann...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!