Mateando com o Governador

Em geral, é difícil apelar para a razão das pessoas quando falamos de futebol ou de política. E na política a situação é bem pior, pois sempre há os que só veem o copo meio vazio, independente do quanto os fatos mostrem que ou o copo está quase cheio ou, quando muito, meio cheio.

As pessoas, em prol da defesa de uma “ideologia” ou do seu partido, simplesmente perdem a dignidade de aceitar o que de bom tem sido feito.

Tem sido o caso do governo do Tarso Genro no Rio Grande do Sul. Em recente entrevista para a Carta Maior (“Tarso comemora crescimento do RS e prevê luta ideológica acirrada em 2014“) esse fenômeno fica patente. Alguns trechos importantes:

Na pergunta “O Rio Grande do Sul apresenta o maior índice de crescimento do país este ano. No entanto, partidos de oposição como o PP e o PSDB criticam a orientação do atual do governo dizendo, entre outras coisas, que está gastando demais?” fica claro que para a oposição – e para quem só tem por objetivo ser anti-PT – que a saída é ver o copo meio vazio. Não importa o quanto o RS cresceu (e vejam, não foi o governo, foi o Estado, isto é, todo mundo junto), importa criticar a “orientação do atual governo”, que, se está crescendo, também está “gastando demais’.

Os fatos que não importam para a oposição? É Tarso quem relata:

“Nosso Estado está crescendo mais do que o dobro do Brasil, a nossa rede de microcrédito já financiou milhares de pequenas e microempresas com 262 milhões de reais, incorporamos no nosso programa de renda para combate à miséria extrema 62 duas mil famílias e queremos chegar a 100 mil em 2014.

Nosso Pronatec é o maior do Brasil em termos absolutos; promovemos aumentos inéditos no salário mínimo regional para aumentar o consumo de mais de um milhão de trabalhadores que dependem deste salário;  reformamos o sistema de incentivos fiscais e adotamos uma política industrial específica para o Estado, tendo atraído já quase trinta bilhões de reais de investimentos privados – alguns em andamento e outros já feitos, como o da Companhia Rio-grandense de Celulose, o maior da história do Estado, com 5 bilhões de reais.

Dobramos os recursos para a saúde pública e estamos chegando a uma mortalidade infantil com menos de um dígito por mil nascituros; a resolução dos homicídios pela Polícia Civil, reequipada e reformada, subiu de em torno de 20 por 100, para 70 por 100. Já montamos três planos Safras Regionais, com mais de três bilhões de reais em cada ano para financiar a agricultura familiar e de porte médio, no Estado; retomamos os investimentos em estradas através de financiamentos obtidos em agências nacionais e internacionais.

Instituímos uma espécie de “passe livre” estudantil, nas regiões que o Estado tem o controle do transporte coletivo com recursos do Tesouro do Estado; instituímos, aqui,  um sistema de participação popular inédito, integrando Orçamento Participativo, Consulta Popular Direta através da forma “plebiscitária”, a participação virtual pela internet  (via Gabinete Digital), Conselhos Regionais de Desenvolvimento e Plenárias Consultivas no interior.

Essas são mudanças feitas dentro da democracia, que conseguimos graças a um sistema de alianças que nos permitiu governar com maioria e ir até o limite do possível. Algumas delas são mudanças qualitativas, que terão reflexos no futuro, inclusive para oxigenar as classes empresariais locais, que são extremamente conservadoras, cuja agenda é praticamente sempre a mesma: menos impostos e arrocho no salário mínimo regional.”

Mas – e sempre tem um mas para quem só quer criticar por criticar – nada disso resolve os problemas do Rio Grande do Sul. Somente eles, a oposição, que já governou o RS e nada fez, é que saberão – AGORA – transformar o RS no melhor estado do Brasil.

E como político que vê o copo cheio ou meio cheio, Tarso ainda desenvolve um pensamento que poucos, que se dizem esquerda, percebem:

“O fato é que nós, da esquerda, devemos nos preparar para um  novo período histórico no Brasil, a partir de 2015, quando o modelo lulo-desenvolvimentista, como eu gosto de chamar, estará esgotado. Esgotado porque deu certo, não porque deu errado. Isso significa que deveremos reciclar, não só o nosso sistema de alianças, mas também preparar as condições políticas e econômicas para acabar, não mais somente com a miséria extrema no país, mas acabar com a pobreza e com as humilhantes desigualdades sociais que permanecem uma marca bem brasileira.”

Parece claro ser essa a diferença entre os partidos de esquerda atualmente: os que realmente entendem a necessidade da construção de um novo modelo e os que já se “bandearam pro outro lado”, tipo PDT e, correndo por fora, mas com muita gana de esquecer a esquerda, o PSB.

Enfim, é uma opção – “uma marca bem brasileira” – só ver o copo meio cheio.  Como esperar por um debate “programático e também ideológico”, com gente que só vê o mundo vazio?

 

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoEm geral, é difícil apelar para a razão das pessoas quando falamos de futebol ou de política. E na política a situação é bem pior, pois sempre há os que só veem o copo meio vazio, independente do quanto os fatos mostrem que ou o copo está quase cheio...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!