Em 12/11/2012 o colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, escreveu um post acusando o Governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, por estar violando a Constituição ao apoiar o Fórum Social Mundial Palestina Livre.

Em meio a todas as asneiras que disse, me espanta ter passado batido a seguinte frase:

“Tudo isso em Porto Alegre, cidade perigosamente próxima da Tríplice Fronteira, comprovadamente infiltrada pelo terrorismo islâmico.”

Esse é o método dos empregados especialistas do PIG: o uso de frases constuídas de forma propositadamente dúbias, ou, para usar um termo do autor, “de modo obliquo”.

Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Nova Gramática do Português Contemporâneo, dizem, com relação ao uso da vírgula:

“2º) Para separar elementos que exercem funções sintáticas diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular a virgula é usada:

a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente explicativo: (como na frase de exemplo: Alice, a menina, estava feliz.)”

Reforçam os autores, ao final do capítulo: “toda oração ou todo termo de oração de valor meramente explicativo pronunciam-se entre pausas; por isso são isolados por vírgulas, na escrita“.

Dizer que Porto Alegre é uma “cidade perigosamente próxima da Tríplice Fronteira”, além de ser uma afirmação falsa em si (se 830 km é “próxima”… Que dizer de São Paulo que fica a 1060 km? Será que apenas 200 km a separaram de ser “perigosamente”, também?) e tendenciosa para reforçar o argumento desenvolvido pelo autor, não passa de mera explicação geográfica. E, colocada entre vírgulas, é desnecessária.

O real sentido da frase do Reinaldo Azevedo foi dizer que Porto Alegre é uma cidade “comprovadamente infiltrada pelo terrorismo islâmico”. E isso tão somente para, de forma “oblíqua”, atingir o Governador Tarso Genro. E mesmo que possamos entender que a Tríplice Fronteira seja infiltrada pelo terrorismo islâmico e não Porto Alegre. Essa é a forma de escrever dos empregados do PIG.

De toda sorte, não deveria ter passado batido tamanha acusação contra uma cidade brasileira e contra seu povo. Esse é o método: não poupar sequer uma cidade de longa história democrática apenas para atacar os desafetos dos seus patrões.

Quanto ao resto do texto, ilude-se quem leu pensando que ele provaria o que disse, isto é, que o Governador Tarso Genro tenha violado 9 dos 10 incisos do artigo 4º da CF. Desanca  a falar do texto de referência do Fórum e, em momento algum, analisa quais e porque teria o Governador violado os incisos, conforme o chamativo título do post.

Mas, sorrateiramente, termina o texto falando da ascedência judia do governador, associando-o – e a Porto Alegre – ao terroristas islâmicos.

Anotem a técnica para que não caiam mais nela.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyBrasil Sem PIGReinaldoVejaFórum Social Mundial Palestina Livre,Porto Alegre,Tarso GenroEm 12/11/2012 o colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, escreveu um post acusando o Governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, por estar violando a Constituição ao apoiar o Fórum Social Mundial Palestina Livre. Em meio a todas as asneiras que disse, me espanta ter passado batido a seguinte...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!