Tiradentes

Sou obrigado a recordar, embora hoje seja o Dia do Tiradentes, desse verso do Hino Riograndense, a cada vez que lembro que existe a tal “política”.

Não podemos reclamar do Congresso, pois as pessoas que estão lá foram legitimamente escolhidas, tanto quanto a Presidenta o foi.

A questão é: que virtude tem um povo que escolhe um congresso com esse perfil? Ou, dito de outra forma, que virtude possui um povo que deixa um congresso ser escolhido com esse perfil?

A omissão. Embora não seja uma virtude, no sentido exato da palavra, é da omissão de uns que outros se aproveitam. A omissão exprime a ausência de virtude.

Se hoje o congresso é dominado por rótulos – “bancada evangélica”, “bancada ruralista”, “bancada empresarial” … – devemos isso à omissão. Essas três bancadas citadas, por exemplo, representam 87% (dado de 2014, mas deve estar próximo da atual representação. Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/a-influencia-das-bancadas-informais-no-processo-decisorio/) do congresso. Mas estão longe, muito longe, de representar o povo, os trabalhadores que, afinal, são a imensa maioria da sociedade.

Se recordarmos que quase todos os que lá estão foram financiados por empresas privadas, veremos que somos, na verdade, escravos da omissão, da ausência de virtude política.

Não há dúvidas de que o comportamento dos representantes é dirigido pelos interesses dessas empresas. Em quase toda proposta legislativa vê-se, claramente, o “dedo” do financiador.

Veja, apenas para se ter um exemplo, o caso da CPI dos planos de saúde. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, impediu a sua instalação.

É bem possível que pouca gente saiba – tendo em vista a ausência de virtude política – que Eduardo Cunha foi financiado pela Bradesco Saúde, uma empresa mais do que interessada na não instalação de uma investigação sobre seus planos.

Os exemplos são inúmeros, todos a mostrar que a omissão do povo os tem feito de escravos.

Parece que de nada adiantou o sacrifício de Tiradentes. Continuamos a ser um povo escravo, um povo que não tem virtude…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoSou obrigado a recordar, embora hoje seja o Dia do Tiradentes, desse verso do Hino Riograndense, a cada vez que lembro que existe a tal 'política'. Não podemos reclamar do Congresso, pois as pessoas que estão lá foram legitimamente escolhidas, tanto quanto a Presidenta o foi. A questão é: que virtude...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!