Vamos por partes. Por sinal, é sobre partes que estamos todos falando há muito tempo e é sobre partes que resume a COP15.
Seguinte: quem parte e reparte, fica com a melhor parte. Isso é tão velho quanto já era velho meu tataravô quando morreu. Não haveria de mudar tão somente por termos entrado em mais um milênio da história da tal dita humanidade.
É isso que se discute em Copenhague: os que partem e repartem – países ricos – insistem e continuarão insistindo para ficar com a melhor parte; alguns, como o Brasil, que vez por outra conseguem alguma migalha do bolo, querem mais é fazer parte dos que partem. Mas, claro, sem fornecer a farinha, ou o ovo. O resto – países pobres – ou, como eufemisticamente são chamados, “países menos desenvolvidos’ (LDC, na sigla em inglês) e “pequenos países-ilha em desenvolvimento” (Sids, na sigla em inglês) – querem, com toda razão, pegar algumas migalhinhas do bolo.
Ninguém falou até agora, a não ser em alguns discursos mais empolados, no tal do meio ambiente. Chego a pensar que não sabem o que é isso. Querem ver? Outra parte muito falada por lá são as tais de partes por milhão (a tal de concentração de GEE na atmosfera).
Uns defendem que um nível aceitável é de 450 ppm (os que partem e repartem, claro); outros, que 350 ppm seria um entrave para o desenvolvimento. Ou seja, e só para dizer o óbvio ululante, a preocupação é com a economia.
O que querem é chegar a um termo que permita ao tal de mercado de carbono uma alavancagem para os que partem e repartem continuarem poluindo e dormindo tranquilos. E, claro, suas economias crescendo, crescendo… graças ao fermento fornecido pelos BRIC’s, LDC’s, Sids’s, G77’s e tantas outras siglas tão em voga).
E por falar em siglas, tem uma que anda esquecida por lá: MA.
Hoje, um dos tais Sids, Tuvalu, ousou levantar a voz. Tuvalu é um país-arquipélago que tem apenas 12.273 habitantes. É capaz de ter menos gente do que os moradores da quadra onde moro. Conseguiu dar uma paradinha na conferência. Não estava lá para ver, mas é provável que a maioria dos conferencistas tenha aproveitado o intervalo para tomar um cafezinho e fazer comentários sobre a cidade, além de se perguntarem:
quem é, afinal, esse tal de meio ambiente?

Luiz Afonso Alencastre Escosteguyaquecimento globalFaça a sua parteMudanças climáticasVamos por partes. Por sinal, é sobre partes que estamos todos falando há muito tempo e é sobre partes que resume a COP15. Seguinte: quem parte e reparte, fica com a melhor parte. Isso é tão velho quanto já era velho meu tataravô quando morreu. Não haveria de mudar tão...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!