Pois é,

Porto Alegre lança a “Campanha contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida”. Maiores detalhes podem ser lidos no site da AGAPAN, de onde tiro a seguinte informação:

“Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), na última safra foram vendidos mais de 7 bilhões de dólares em agrotóxicos. Todo este mercado se concentra nas mãos de apenas seis grandes empresas transnacionais, que controlam mais de 80% do mercado dos venenos. São elas: Monsanto; Syngenta; Bayer; Dupont; DowAgrosciens e Basf.”

A campanha alerta, naturalmente, que o uso de agrotóxicos não é apenas um problema de saúde pública, mas também de preservação da natureza.

Sete bilhões de dólares e seis das maiores corporações do mundo. Esse é o tamanho de apenas um dos problemas que enfrentamos.

Duas perguntas: é possível alimentar 10 bilhões de pessoas (previsão para logo ali) sem escala na produção e, é possível produção em escala de forma alternativa ao atual modelo do agronegócio, intensivista no uso de substâncias tóxicas?

A fome é um problema gravíssimo. Segundo a diretora da representação do PAM (Programa Alimentar Mundial) em Genebra (Suíça), Lauren Landis, “uma em cada sete pessoas no mundo vai para a cama com fome, na maioria mulheres e crianças”.  “A fome mata anualmente mais pessoas do que o vírus que transmite a aids, a malária e a tuberculose”. Segundo a FAO, quase 1 bilhão de pessoas passam fome ou morrem por falta de comida.

Certo que o problema da fome deriva muito mais de outros fatores do que propriamente a falta de alimentos. Resolvidos esses fatores, a fome acabaria. Mas sobraria a questão do meio ambiente. E, o mais grave, estariam as seis grandes corporações dispostas a investir os 7 bilhões de dólares em um modelo alternativo de agrucultura?

No texto de lançamento da campanha lemos, como resposta à primeira pergunta:

Outro campo de atuação da campanha é o anúncio da possibilidade de construção de outro modelo agrícola, baseado na agricultura camponesa e agroecológica. Através da Campanha Permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida é possível acessar estudos que comprovam que essa forma de produzir é viável, produz em quantidade e em qualidade suficientes para abastecer o campo e a cidade. Assim, a proposta é avançar na construção destas experiências que são a única saída para esse modelo imposto que concentra riquezas, expulsa a população do campo e produz pobreza e envenenamento. Produzir alimentos saudáveis com base em princípios agroecológicos, em pequenas propriedades, com respeito à natureza e aos trabalhadores é a única forma de acabar com a fome e de garantir qualidade de vida para as atuais e futuras gerações.

É um embate interessante, pois a campanha se diz “contra o uso de Agritóxicos”.

O texto acima usa expressões genéricas, tipo “abastecer o campo e a cidade”, que  não dizem muita coisa quanto a ser o modelo proposto capaz de realmente alimentar 10 bilhões de pessoas (logo ali, logo ali…) . E, também muito importante, em quanto tempo esse modelo será capaz de se tornar uma alternativa eficaz.

Se por um lado o agrotóxico mata, polui, gera pobreza, por outro alimenta, mesmo que destruindo a natureza. O novo modelo talvez não faça tudo isso, mas será capaz de alimentar, mesm que conserve a natureza? Até que ponto destruir a natureza com agrotóxicos será assim tão ruim? Não terá a natureza a capacidade de se regenerar, ao passo que um ser humano morto de fome, ou subnutrido, não?

Não haverá uma terceira via, que não seja a emblemática luta entre “destruir a natureza vs destruir os agrotóxicos”?

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyFaça a sua partePara pensaragrotóxicos,Basf,Bayer,DowAgrosciens,Dupont,FAO,fome,Monsanto,SyngentaPois é, Porto Alegre lança a 'Campanha contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida'. Maiores detalhes podem ser lidos no site da AGAPAN, de onde tiro a seguinte informação: 'Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), na última safra foram vendidos mais de 7 bilhões de dólares em agrotóxicos....Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!