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Tenho lido de tudo no caso Portuguesa X Fluminense. E confesso que se torna um caso paradigma do estado em que se encontra a “civilização brasileira”.

E qual é esse “estado”? Parece que perdemos completamente a conexão com a razão, com a capacidade de fazer prevalecer, em nós mesmos, a análise dos fatos e a argumentação com base nas regras por nós mesmos estabelecidas. Ou seja, assumimos definitivamente que somos animais irracionais.

No que trata de futebol, já sabíamos disso há tempos. A barbárie de Joinville foi apenas uma leve manifestação disso.

Há uma regra básica da existência (transformada em norma social – moral, direito…) que nos diz que sempre que nos vemos ameaçados, devemos procurar a defesa. Mais, não importa, nesse momento, se a ameaça é real ou imaginária. Para quem se sente ameaçado, ela é real.

Por ser situação comum aos humanos que vivem em sociedade, essa sensação de ameaça foi, ao longo dos tempos, transformada em um coisa que chamamos de direito. A sociedade acordou que qualquer membro que se sinta ameaçado poderá procurar defesa e a isto deu o nome de “direito de defesa”.

Críticas ao Fluminense por ter exercido o seu direito de defesa só podem partir de quem já perdeu a razão, pois esse é um direito a que não cabe questionamento, somente imposição de paixão.

Mas, entre ter o direito de defesa e a ameaça ser real, há um longo caminho a ser percorrido. Vai daí que a humanidade resolver positivar, “tirar do mundo natural e escrever”,  a forma como demonstrar que a ameaça É real e exigir, quando previsto, a compensação, isto é, o retorno ao equilíbrio das relações, caso demonstrado que a ameaça transformou-se em fato consumado.

A isso a humanidade deu o nome de defesa do direito.

E fez mais, essa nossa humanidade: entendendo que a defesa do direito era a parte mais importante, criou uma instância composta por vários seres humanos para resolver, em tese e definitivamente, se a ameaça era real ou não passava de arroubo.

O Fluminense (e olha que no Rio eu sou Flamengo) tão somente exerceu seu direito natural de defesa ante um ameaça. E aqui reside o que muitos não querem aceitar: não trata o Fluminense do rebaixamento, mas do descumprimento de uma regra estabelecida pelos entes que compõe a sociedade CBF.

E a turba chama de TAPETÃO!

Ao que tudo indica, porém, o Fluminense foi lá e fez a segunda parte, coisa que a Portuguesa não foi capaz de fazer. Defendeu o direito.

Mas já demonstramos, sobejamente, que somos irracionais: criamos um sistema e, na hora que ele não satisfaz nossos sentimentos, a culpa é de quem apenas fez o combinado.

O Fluminense não foi competente em campo e agora quer apelar! Não é isso o tão famoso TAPETÃO?

Anda grave a situação dos brasileiros… A irracionalidade anda em níveis alarmantes… Se fosse só para o futebol, vá lá… Mas não…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoTenho lido de tudo no caso Portuguesa X Fluminense. E confesso que se torna um caso paradigma do estado em que se encontra a 'civilização brasileira'. E qual é esse 'estado'? Parece que perdemos completamente a conexão com a razão, com a capacidade de fazer prevalecer, em nós mesmos, a...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!