barraca praia chinesa

Juro que não sei como é que os chineses conseguem vender seus produtos para o mundo.

Quer dizer, até sei: vivem de incautos como eu.

Mui belo e faceiro, esse ano resolvi inovar na minha ida à praia. Nada de ficar correndo atrás do guarda-sol.

Comprei uma barraca. De fabricação chinesa, claro. Digo claro, porque é só que encontramos no mercado: “Feito na China”. (Sim, a coisa está tão aprimorada, que eles já fabricam em português)

Só esqueceram de um detalhe: os fabricantes chineses não conhecem o Brasil. Ao menos não conhecem o litoral do Rio Grande do Sul e seu famoso “nordestão”.

Imaginassem eles que uma rede norte-americana venderia suas barracas no RS, garanto que teriam mandado um chinesinho para “estudar” o local”.

Mas há coisa pior: o manual: chineses devem pensar que o mundo todo entende o que eles têm preguiça de escrever: como se monta uma barraca. Ou, o que é uma experiência inesquecível, como se monta uma barraca chinesa em pleno acesso de fúria do nordestão.

O manual não contém uma única palavra sequer. Em nenhuma das mais de 7.000 línguas que a humanidade fala ou já falou. Ou, quiçá, ainda falará.

Eu, todo pimpão, falei para patroa (antes de sair para a praia): fica tranquila que eu acampo desde adolescente. Sei como se monta uma barraca.

Duas horas depois – puxa daqui, puxa dali; engata daqui, solta dali; levanta aqui, cai ali – e todo mundo nos olhando (ainda bem que a praia não estava cheia), vieram dois daqueles que alugam barracas para nos ajudar ( o “nos” fica por conta de dividir o mico que foi só meu).

Montaram a tal da barraca em cinco minutos. Nada do que eles fizeram estava no manual chinês. E menos ainda os ferros para segurar as cordas, coisa que chinês parece desconhecer. (Tenho a impressão que eles fabricam tendas para clientes do Caribe, onde não tem nordestão…)

Não bastasse toda plateia (isso, devo admitir, foi positivo, pois nunca tive tanta gente olhando para mim), sentado tranquilamente em um bar próximo, estava ninguém mais que um famoso chargista de um famoso jornal aqui do RS (por questões de segurança jurídica, só posso dizer que o jornal – e sua empresa dona – está sendo investigado pela operação ZHelotes). E disse que filmou a epopeia. E que vai fazer uma charge. Até me pediu autorização para uso da imagem.

Figura das mais simpáticas, confesso. Não, peraí! Foi gentil com a minha mulher. Mandou levar uma garrafa de água para ela e não para mim. Tá certo que ela ajudou, mas quem comandava a operação era eu!

OK! Enquanto o general bradava suas estratégias de como montar uma barraca, a soldadinha foi lá e pediu ajuda.

Para concluir o mico, fui pedir uma cerveja no bar. Quando fui pagar o rapaz perguntou se eu não queria fazer uma comanda para pagar depois. Respondi que sim e comecei a dizer meu nome quando fui interrompido:

“Não se preocupe, eu anoto como “barraca branca”.

Terminei de morrer ali mesmo!

https://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2016/02/barraca-praia-chinesa.jpghttps://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2016/02/barraca-praia-chinesa-150x150.jpgLuiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoJuro que não sei como é que os chineses conseguem vender seus produtos para o mundo. Quer dizer, até sei: vivem de incautos como eu. Mui belo e faceiro, esse ano resolvi inovar na minha ida à praia. Nada de ficar correndo atrás do guarda-sol. Comprei uma barraca. De fabricação chinesa, claro....Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!