Somos uma humanidade da destruição. É um ciclo vicioso: construimos para destruir; tentamos reciclar para novamente destruir. Oitenta por cento de tudo que fazemos, plantamos ou criamos, vira lixo.
Demasiada energia é gerada para simplesmente amassarmos tudo. Embalagens, embrulhos e os próprios objetos do desejo. A grande máquina da humanidade não é o computador, mas o compactador, ou, no caso desse filme, o cortador.
Rasgamos o passado. Colocamos o que fomos (ou queremos que tenhamos sido) no lixo, como se isso resolvesse não apenas os nossos problemas (esquecendo que a única coisa que carregamos por toda a vida somos nós mesmos) mas os problemas sociais e do meio ambiente.
Fazer papel picado para comemorar a despedida de um ano livra nossa alma. Jogando a foto da(o) “ex” no triturador aproveitamos para espiar a culpa com o meio ambiente.
Isso é o ser humano moderno: um animal capaz de produzir memórias e de depois jogá-las fora. E é por isso que não sabemos lidar com o meio ambiente: se não sabemos lidar com a nossa própria vida, como lidar com a vida do planeta?
A indústria e a mídia, que vende a indústria, não têm culpa. Elas simplesmente nos dão a desculpa para aquilo que somos: seres que desperdiçam a vida, a alma, pensando que jogar tudo fora nos trará o paraíso.
Que picotar 2009 fará de 2010 um ano melhor. Que ter picotado 2008 tenha feito de 2009 um ano melhor.
Somos o que somos. E enquanto não mudarmos o que somos, continuaremos a ser o que somos: seres que destroem.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyFaça a sua partePara pensarSomos uma humanidade da destruição. É um ciclo vicioso: construimos para destruir; tentamos reciclar para novamente destruir. Oitenta por cento de tudo que fazemos, plantamos ou criamos, vira lixo. Demasiada energia é gerada para simplesmente amassarmos tudo. Embalagens, embrulhos e os próprios objetos do desejo. A grande máquina da humanidade...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!