Pois é,



O foco está errado. A natureza não vai acabar. Não assim, sem mais nem
menos, depois de existir por quase cinco bilhões de anos, resistindo a
tudo quanto já passou por esta Terra. Pensar que somos capazes de
destruir a natureza não passa de um pensamento megalomaníaco, que nos
atribui a superioridade entre os seres vivos e, quiça, à própria
natureza. Algo como um Deus invertido. Se Deus a tudo pode criar, aos
seres humanos a tudo é dado destruir. Nada mais errado!



Não somos deuses. Não temos essa capacidade. A única capacidade que de
fato temos, é a de causar a extinção da própria espécie humana. Muito
antes de derrubarmos a última árvore, seremos extintos pelas nossas
próprias ações.



Por essa razão o foco está errado. Não é da natureza que devemos
cuidar, mas do próprio ser humano. Nós, como espécie, é que corremos
risco. E o pior dos riscos; pois, se outras espécies sucumbiram por
fenômenos alheios a elas, a nossa extinção está fadada a ser causada
pelos próprios seres humanos.



Se olharmos para a história, veremos que a última grande transformação
da sociedade humana ocorreu no período conhecido como Renascença,
período cujo mote era trazer o homem ao lugar dado a ele pelos antigos.
O Humanismo, ideia central da época, teve o condão de sepultar, de vez,
a longa noite medieva. Quase como por ironia, o que se seguiu foi
chamado de “Século das Luzes”, como que a exorcizar a escuridão
anterior.



Passamos por um período muito semelhante a Renascença. Os sinais estão
no ar. Vivemos a decadência de uma “civilização”, com a diferença de
que, até agora, não encontramos um “humanismo” que nos leve a um outro
patamar de existência. Devemos procurar um humanismo, mas não um
humanismo que possa resultar, como o anterior resultou, num
individualismo exacerbado; num individualismo suicida, dissociado da
natureza, posto que colocou o homem acima de tudo e de todos.



O foco deve retornar a ser o ser humano; mas um ser humano integro,
isto é, um ser humano que saiba que é parte indissolúvel da natureza.



Se não preservarmos os seres humanos, os seres humanos não preservarão a natureza.



E se seres humanos e natureza devem ser a mesma coisa, devemos avançar para um humanismo ambiental;
um humanismo que coloque seres humanos e natureza, juntos, no centro.
Abandonar Protágoras e dizer: homem e natureza são a medida de todas as
coisas (a construção parece deixar transparecer, ainda, uma divisão
entre seres humanos e natureza, mas não é essa a idéia de um humanismo
ambiental. Utilizei a frase de Protágoras apenas para contraposição).



O Humanismo Ambiental deverá buscar o desenvolvimento de uma nova espécie: o homo ambientalis. Um homo consciente de que a sua preservação é o mais importante.


Iching24.png“Ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação. A luz poderosa que fora banida ressurge. Há movimento, mas este não é gerado pela força… O movimento é natural, surge espontaneamente. Por essa arazão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo é introduzido. Ambas as medidas se harmonizam com o tempo, não resultando daí, portanto, nenhum dano.” (I Ching)


E o que é preservar os seres humanos? Vamos pensando…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyFaça a sua partePara pensarPois é, O foco está errado. A natureza não vai acabar. Não assim, sem mais nem menos, depois de existir por quase cinco bilhões de anos, resistindo a tudo quanto já passou por esta Terra. Pensar que somos capazes de destruir a natureza não passa de um pensamento megalomaníaco, que nos atribui a superioridade...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!