De certa forma estou feliz com os resultados da COP15. Talvez fosse melhor dizer com a falta de resultados da COP15, mas, como se sabe, é possível pecar por ação e por omissão. O que talvez não fosse possível é pecar por confusão.
E aí está um dos lados positivos da COP15: agora já sabemos, claramente, qual é o problema. E o problema resume-se a uma questão de confusão histórica. Diversos povos e civilizações marcaram a história da humanidade. E todos eles desapareceram. Gregos, romanos, egípcios, só para citar os mais em voga, tiveram seus ápices e decairam. E nem por isso o mundo desapareceu.
A diferença deles para nós é que eles eram “locais”, e nós somos globais. Esse é o grande pecado por confusão havido em Copenhague. Não estamos apenas falando no desaparecimento de uma pequena ilha (Tuvalu) e seus poucos mais de 30.000 habitantes (o sentido, por favor, não é de falta de consideração). Não, falamos de milhões e milhões de seres humanos que morrem porque alguns poucos poderosos confundem salvar a natureza com salvar a espécie humana.
A natureza não precisa ser salva, ou sequer conservada, me arrisco a dizer. Mesmo com a espécie humana fazendo tudo que tem feito, basta que ela (a humanidade) saia de cena para a natureza recuperar seus status quo ante homo erectus. E rapidinho, em termos cósmicos. A Terra seguirá existindo por mais 4,5 bilhões de anos, quer queiramos ou não.
A confusão está no foco. O foco jamais deveria ser a natureza. O foco deveria ser o ser humano. Pessoas fazem, deixam de fazer, ou confundem-se quanto ao que tenham que fazer ou não fazer. E a COP15 mostrou que foram pessoas que não souberam o que fazer.
Por isso, repito, estou, de certa forma, feliz. Feliz porque o que deixou de acontecer em Copenhague reforça a nossa tese: faça a sua parte. Apenas isso. Fazer a sua parte é apostar no ser humano; é apostar que se cada um apenas mudar a sua própria casa e seus hábitos; que se passar a acreditar que uma vida mais simples não significa abandonar conforto, consumo, mas, sim, passar a ter a noção de NECESSÁRIO, tudo se resolve.
Necessário é a palavra. Consumo necessário, conforto necessário; felicidade necessária. É o que nos basta. E é tudo o quanto a ganância de uns poucos não querem, pois deixariam de ter seus excessos. E tudo o quanto um sistema não quer, pois deixaria de lucrar…
Fazer a sua parte é ter consciência do necessário. Para si e para os outros. E nosso apelo é só esse: que você seja consciente do SEU necessário e do que é NECESSÁRIO para os outros. Apenas o necessário.
Obama, Lula, Sarkozy, Wen Jiabao, Manmohan Singh e Jacob Zuma sequer imaginam o que seja isso. Tuvalu foi a grande estrela: só quer o necessário, não afundar! O que me leva a reafirmar aqui: se alguma vez, por algum segundo que fosse, tive dúvidas quanto ao propósito do Faça a sua parte, não tenho mais.
A saída não está no “nós”, no “vós” e no “eles”. Está nele, está em ti e está em mim.
FAÇA A SUA PARTE, porque eles não farão!

Luiz Afonso Alencastre Escosteguyaquecimento globalFaça a sua parteMudanças climáticasDe certa forma estou feliz com os resultados da COP15. Talvez fosse melhor dizer com a falta de resultados da COP15, mas, como se sabe, é possível pecar por ação e por omissão. O que talvez não fosse possível é pecar por confusão. E aí está um dos lados positivos...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!