sábados e esposas

De sábados e de esposas!

Tenho quase certeza que 98% dos amigos do FB não conhecem 98% das coisas que escrevi. Normal. Muitas delas foram escritas muito antes das tais “redes sociais”, no tempo áureo da blogosfera. Como também por vezes acordo de “saco cheio” de só escrever coisas iradas contra tudo e contra todos, vou republicar algumas crônicas antigas. Tipo, se fosse publicar um livro, quais eu selecionaria? Pois começo com essa, “De sábados e esposas”, escrita em julho de 2004, há quase 10 anos…

Pois é,

Quem é casado, ou vive com, sabe que sábado costuma ser o pior dia da semana. Por isso os homens inventaram o futebol com os amigos. É a única maneira de fugir. De domingo a sexta-feira as mulheres ficam imaginando tudo o que poderão fazer no sábado.

Fosse só isso e tudo bem. Mas não! Elas te querem junto, pra tudo! É o dia que elas querem que façamos todas as pequenas – e as grandes – reformas na casa. Reclamam que a faxineira não limpou direito e te colocam a varrer. Querem limpar embaixo do sofá e como não têm forças para isso, lá vamos nós a erguer sofás, poltronas, camas… Sim, não podemos imaginar que seja apenas o sofá. O sofá é o começo do tormento…

Sabe aquele livro que querias finalmente parar para ler? Esquece! Sabe aqueles mails que deixaste para responder com calma no sábado? Esquece! Sábado foi o dia ela marcou para pintar a porta nova (claro que comprada no sábado anterior, quando ela te fez ir a todas as lojas até encontrar a porta dos sonhos dela). Há um mês vens dizendo, que de pintar, o único que sabes é o sete. Santa ilusão, ela passou a semana toda telefonando atrás de pintores de portas…

Nove da manhã, cinco graus na rua, tua única esperança é que o pintor também é homem e vai dar bolo. Nova ilusão, o cara também quer fugir da mulher dele… no sábado! E sabem qual é a porta nova? Bidu! É a do quarto onde estás, embaixo de sete cobertores! Fossem sete palmos e não te incomodarias…

Junte-se a isso, uma ida básica aos shoppings. Só para dar uma olhadinha naquela geladeira, sabe? E vais a todas as lojas e a todos os shoppings sempre olhando a mesma geladeira… benzinho (nessas horas elas bem que sabem ser carinhosas), tu sabes que cada loja tem um preço diferente. Nessa eu não compro mais porque tem uma vendedora estúpida… (já viram como mulher detesta ser atendida por mulher?). Bem se vê que elas não manjam nada de marketing. Hoje em dia os preços são os mesmos do Oiapoque ao Chuí. Não adianta apelar para a razão. Afinal, se Deus quisesse que as mulheres tivessem razão, teria usado um pedaço do nosso cérebro e não da costela…

Não bastassem as geladeiras, acabas descobrindo que tua casa, na ótica delas, é um lixo! Querem trocar tudo. O fogão, a televisão, o sofá que ergueste horas atrás, e se te bobeares elas dizem que te trocam por outro… que és um imprestável, que só quer ficar em casa sem fazer nada, que elas também trabalham a semana toda, mas que estão sempre dispostas…ai, ai, ai, golpe baixo não vale!. Te pegam pelos ouvidos… são capazes de ficar horas a fio falando… Reclamando… E não resistimos. Pagamos qualquer preço, menos esse… E resignados vamos de loja em loja…

Sete horas da noite. Chegas em casa e a primeira coisa que olhas é para a cama (porta? Que porta?). Surpresa!!! A casa está virada de cabeça para baixo! E sabes porquê? Lembra daqueles minutos em que estavas no banheiro? Pois é, ela combinou com o pintor para pintar a tua estante e a tua mesa. Sem te avisar, é claro! Teu único e sagrado cantinho na casa. Teu altar. A tua estante e a tua mesa. O único lugar que pensavas ser somente teu. Tua bagunça organizada.

Não sei o que fazer. Confesso. Entro em estado de choque. Profundo. Penso nas alternativas:

(a) vou embora pra Passárgada (pensando bem, não. A mulher que eu quero também está lá);
(b) sento no chão e choro (sim, no chão, pois nem acho mais a cadeira em meio à bagunça);
(c) peço demissão do cargo de marido (pra outro assumir? Não, deixa assim!);
(d) fechar os olhos e pensar que tudo não passa de um sonho? (Não! Pode ser pesadelo mesmo!)
(e) Ah! A famosa “e”. De tão difícil, que sempre é “nenhuma das anteriores”.

Agora o “happy end”: Depois de tudo o que te fazem passar ao longo do dia; quando te decides pela alternativa “e” (te jogar em cima da cama de qualquer jeito e dormir até segunda-feira), quem está em cima da cama, sexy, sensual, como nunca esteve antes (talvez até nunca tenhas notado, mas ela sempre foi assim), com aquele olhar de quem só pretende dormir depois das três da manhã? Pois é, ela e o sábado. Te traindo!

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyCrônicasO ChatoDe sábados e de esposas! Tenho quase certeza que 98% dos amigos do FB não conhecem 98% das coisas que escrevi. Normal. Muitas delas foram escritas muito antes das tais 'redes sociais', no tempo áureo da blogosfera. Como também por vezes acordo de 'saco cheio' de só escrever coisas iradas...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!