Mudar hábitos, por mais simples que possam parecer a que não os tem, é muito difícil. Envolve uma mudança na forma de perceber/compreender o mundo. A compreensão do mundo, ou da “realidade que nos cerca”, por outro lado, requer de nós a capacidade de “ler” esse mundo. E “ler” o mundo requer, no mínimo, a habilidade de ler o que o mundo escreve ou, mesmo, de ouvir o que o que o mundo fala.
O que preocupa, falando apenas no caso do Brasil, é que apenas 25% da população entre 15 e 64 anos tem o chamado “alfabetismo pleno”. É o que nos mostra a recente pesquisa do Instituto Paulo Montenegro.
Para “Alfabetismo nível pleno”, a metodologia adotada pelo IPM adota o seguinte conceito:
“pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações usuais: lêem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.”
O que vem antes, “analfabetismo”, “Alfabetismo nível rudimentar” e “Alfabetismo nível básico”, que somados correspondem a 75% da população em tese economica e socialmente ativa, é de dar pena. Mal e porcamente conseguem calcular o troco da padaria.
A pergunta que fica é: que compreensão do mundo essa gente tem?
Por evidente, não são capazes de entender (mas, com certeza, são de sentir) o que está acontecendo. Se já tem sido difícil convencer letrados a abandonarem hábitos que prejudicam a natureza, como por exemplo o simples trocar as sacolas plásticas por sacolas de pano, o que fazer para que tenham uma outra visão do mundo?
Com toda certeza não será num encontro de “altos letrados”, falando e escrevendo princípios e boas vontades, que conseguiremos fazer uma verdadeira mudança que possa ser considerada uma “revolução”.
Por onde começar a mudar a visão de mundo que esses “analfabetos funcionais” têm, de tal sorte que possam acreditar que mudar hábitos é a saída? E por que pensar apenas nos 75% e não nos 25% (afinal, são os que são capazes de compreender o que está acontecendo)?
Primeiro, porque dos 25%, apenas 5% estão efetivamente preocupados; os restantes 20% ou não está nem aí (a vidinha está boa assim e, na verdade, eu quero é mais), ou querem mais é que tudo permaneça como está, pois continuarão lucrando e tendo mais.
Segundo, investir nessa massa de 75%, dando-lhes educação, pode significar, um dia, a verdadeira revolução. Pela educação poderão, um dia, entender o quanto os 20% estão lhes fazendo mal. E aí tomarem alguma providência.
Por enquanto, os 5% que fiquem escrevendo em blogs, para que os mesmos 5% fique lendo. Falar em COP15 é quase que falar para as paredes. Não ouvirão. E se ouvirem, não entenderão. Ao menos por enquanto…

Luiz Afonso Alencastre Escosteguyaquecimento globalFaça a sua parteMudanças climáticasMudar hábitos, por mais simples que possam parecer a que não os tem, é muito difícil. Envolve uma mudança na forma de perceber/compreender o mundo. A compreensão do mundo, ou da 'realidade que nos cerca', por outro lado, requer de nós a capacidade de 'ler' esse mundo. E 'ler'...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!