Parece básico, mas é importante salientar a diferença entre religiosidade e religião.

Religião é manifestação humana sobre outros, com o único propósito de dominação. É expressão de poder.

Religiosidade não é manifestação.

Religião não prescinde de um deus a que tudo criou e comanda. E por comando entenda-se hierarquia. E hierarquia pressupõe escala de valores.

Religiosidade não precisa de deus. Nem de hierarquia e, menos ainda, de escala de valores.

Por isso é muito difícil ser e se manter ateu ao longo da vida.

Ser ateu, ao contrário de professar uma religião, exige constante e árduo trabalho interior, coisa que a crença não nos proporciona. Quem crê não questiona.

Ateísmo e religiosidade antecedem à religião. E, quando surgiram, deus não existia.

Deus surgiu, na história humana, ou da incapacidade de compreensão das relações entre o homem e a natureza ou quando um mané qualquer, percebendo essa incapacidade, resolveu se empoderar.

Em “2001, Uma Odisseia no Espaço”, há uma cena clássica da invenção de Deus, quando um dos macacos descobre que um osso poderia ser usado para matar oponentes e, com isso, não apenas derrotar inimigos da própria espécie, mas obter louvores dos seus.

Deus nasce dessa ideia, a de que para sobreviver é necessário destruir, matar, subjugar, submeter. E, por consequência, submeter-se ao mais “forte”.

Com o osso nascem a escravidão, a propriedade e a subserviência, tão caras ao povo judeu em sua história. E não é por menos que são os judeus os autores do deus que até hoje é venerado pela maioria da humanidade: judeus, cristãos e muçulmanos.

E com eles nasce a fusão entre religiosidade e religião. Judeus criaram deus; cristãos e muçulmanos o elevaram a categoria de extremo a ser impensado.

Jesus e Maomé, cada qual ao seu modo, tentaram mostrar que havia algo além das religiões existentes em suas épocas: o judaísmo, para Jesus, o cristianismo e o judaísmo para Maomé.

Aproveitando-se do que havia de religiosidade entre os judeus, mas não da religião, foram além: propuseram um retorno à religiosidade.

A abolição do osso como fonte da essência humana.

E é isso que me parece ser a dificuldade de ser ateu: compreender a nossa essência antes do osso. Antes de precisar de um deus.

Religiosidade, osso, religião, deus.

E não é por mera coincidência que o osso se transforma em tecnologia. Deus também foi – e é – pura tecnologia.

É, sem dúvida, difícil ser ateu…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO Chatohttps://youtu.be/3ytCNJm-D8M Parece básico, mas é importante salientar a diferença entre religiosidade e religião. Religião é manifestação humana sobre outros, com o único propósito de dominação. É expressão de poder. Religiosidade não é manifestação. Religião não prescinde de um deus a que tudo criou e comanda. E por comando entenda-se hierarquia. E hierarquia pressupõe...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!