história

 

Dizem que a história é história porque é contada pelos vencedores. Nela, tudo ou são façanhas de heróis sobre humanos, ou de um grupo de abnegados humanos cujo ideal é o bem de todos.

Quando os perdedores, de ontem, começam a ter liberdade de contar “a sua história”, inverte-se o polo: nela, tudo ou são façanhas de traidores, ou de um grupo que não media esforços para espoliar o povo e dele obter todas as vantagens possíveis.

Ambos, vencedores e perdedores, possuem uma característica comum: contam a história do mesmo jeito, isto é, somente aquilo que lhes interessa.

Tem sido o caso, dentre os inúmeros da história do Brasil, com relação ao golpe civil-militar de 1964 e, aproveitando a ocasião da data, com relação à Revolução Farroupilha.

No primeiro caso, a nova história tem sido contada apenas por conta da repressão, dos crimes de tortura e pelo assassinato de muitos que lutavam – “armados ou não” – contra a ditadura. Quem lê tudo o quanto tem sido escrito nos últimos anos, pensa que os governos da ditadura civil-militar foram só isso.

O mesmo tem acontecido com a Revolução Farroupilha. Alguns historiadores, no afã de contar “a verdadeira história” da revolução, agarram-se somente em episódios de crimes. Tem sido o caso da Batalha de Porongos: todos os anos repetida para demonstrar que os farrapos eram, todos, um bando de traidores, sem ideais que não fossem os seus próprios interesses econômicos.

Uns e outros não têm razão. Nem só de crimes foram feitas a dit

adura e a Revolução Farroupilha.

Conte-se um fato tantas vezes quantas necessárias forem, até que ele se torne o único fato verdadeiro da história. É assim que se faz história.

Me preocupa quem haverá de contar a história de hoje.

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