140.000

Repetindo: cento e quarenta mil. Esse é o número de pessoas, no Brasil, que terão uma alíquota aplicada nos seus ganhos para compensar o benefício que 16.000.000 pessoas trabalhadoras terão com a isenção do IR, pelo projeto proposto pelo governo e aprovado pela Câmara dos Deputados.

Repetindo: dezesseis milhões de trabalhadores brasileiros e suas famílas.

Mas, pasmem – repetindo: pasmem – um deputado, que não convém, como todos sabem, citar o nome, mas que pode ser lido aqui, subiu à tribuna da Câmara para se manifestar:

“O povo brasileiro não aguenta pagar mais impostos. Os senhores viram agora o lançamento do iPhone, a maior propaganda do mundo? Pagamos o segundo iPhone mais caro do planeta. Todo mundo aqui anda de carro. Pagamos o carro mais caro do planeta”

Tadinho. O que será dos 140.000 que não poderão mais comprar seus iPhones? Ou trocar de carro a cada ano?

Repetindo: “o povo brasileiro não aguenta mais pagar impostos“, razão fundamental do projeto do governo. Mas o excelentíssimo senhor deputado está preocupado apenas com os 140.000 e seus iPhones, embora, movido pela hipocrisia, acabou por votar a favor.

O que este senhor mostrou ao povo basileiro é que, primeiro, nosso Congresso está infestado por gente da pior laia que já existiu nesse país e, segundo, que ainda somos dominados por uma elite de 140.000 pessoas que toma para si a riqueza produzida não apenas pelos 16.000.000, mas por todo o restante dos trabalhadores.

Parodiando Auguste de Saint Hilaire, “Ou o Brasil acaba com essa laia, ou essa laia acaba com o Brasil”.

Repetindo: “Ou o Brasil acaba com essa laia, ou essa laia acaba com o Brasil“

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