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Papai, segundo fontes seguras – que me reservo o constitucional direito de não revelar (afinal, qualquer mané repórter pé de chinelo pode dizer isso…) – desejava ser Ministro do STM.

Não julgo. Papai foi figura insólita na minha vida. Pouco sei dele. Morreu quando eu tinha 15 anos. Era militar em plana ditadura. 1972.

Recordo de conversas ouvidas em casa – as escondidas, claro, porque naquela época crianças eram terminantemente proibidas de participar de reuniões de adultos – que era desejo dele ficar no Brasil para ser Ministro no STM. Isso porque recebera convite, oficial, para ser adido militar na Itália.

Recordo que nas conversas nos almoços – os poucos tempos em que podia, ao menos ver, meu pai, isso em Brasilia, sem a interferência dos meus irmãos mais velhos que ficaram em Porto Alegre – minha mãe e ele conversavam sobre o assunto.

Papai era um ferrenho defensor da Justiça Militar.

Adquiri, por educação de família, a defesa da Justiça Militar.

Anos mais tarde, comecei a ponderar que a tal de Justiça Militar talvez não passasse de um resquício da geração do meu pai.

Nascido no pós primeira guerra (1926), criança ainda na primeira crise mundial (1929), adolescente na segunda grande guerra, cadete na guerra do golfo, ativo na ditadura civil-militar… UFA! É muita hitória.

Mas é a história dele.

É a história de 500 anos de Brasil.

Quando meu pai morreu ei tinha 15 anos. Por vezes me pego pensando como seria a minha relação com ele atualmente, caso ele ainda fosse vivo,

Claro que é um exercício de pura imaginação, mas penso que, apesar do sonho de ser um ministro do STM, hoje ele seria contra a ideia de uma justiça exclusivamente militar.

A Justiça Militar defende-se, tão somente, na história. Por que na necessidade não há mais razões que justifiquem a sua existência.

Papai morreu, a ditadura morreu, e está mais que na hora da Justiça Militar morrer.

Assim como as polícias militares também.

São resquícios de um mundo, de uma época que a história chama de século XX.

E anteriores…

E ao Estado do Rio Grande do Sul, manter uma mera instância privada e anti democrática, menos ainda.

A chamada Justiça Militar custa mais caro que quaisquer dos órgãos que o Governador Sartori, o Senhor das Terras do Faz de Conta, comanda.

Sartori é século XX…

Sem mais…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO Chato  Papai, segundo fontes seguras - que me reservo o constitucional direito de não revelar (afinal, qualquer mané repórter pé de chinelo pode dizer isso...) - desejava ser Ministro do STM. Não julgo. Papai foi figura insólita na minha vida. Pouco sei dele. Morreu quando eu tinha 15 anos. Era militar...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!