laicismo e religiosidade

Porque ainda somos, para a desgraça da sociedade, um país de gente religiosa. Jamais seremos um Estado laico enquanto não formos uma sociedade de pessoas laicas.

E vejam bem: ser laico nada tem a ver com a crença em um deus. Deus não se confunde com religião. Ser laico nada tem a ver com ser ateu (se bem que para muita gente é preciso desenhar isso).

Ser contra o aborto é coisa de religiosos; ser a favor da descriminalização do aborto é coisa de gente que quer um Estado laico.

Difícil para os religiosos entender a diferença. A religião embreta, o laicismo dá liberdade de escolha. A cada um conforme suas convicções e não conforme as convicções dos outros.

Assim como o aborto, inúmeras questões atrasam o Brasil por serem tratadas como questões de religião e não como questões de direitos civis.

Apesar da religião judaico-católica ser a origem de tudo, não há mais como imputar-lhe a culpa exclusiva. As derivadas, ditas “evangélicas”, são, hoje, as maiores pregadoras de um retorno à Idade Média. A idade do Estado de Deus.

Não precisamos falar de aborto. Pode ser sobre as relações homo afetivas, sobre a miséria, sobre o modo de privilegiar castas com a condição de manter outras na plena exclusão, sobre os indígenas, sobre preservação da natureza. É, sobretudo e sobre tudo, uma questão de manutenção de um estado de ser que se considera superior a tudo. Um estado religioso de ser.

Jamais mudaremos esse país enquanto a nossa constituição for a Bíblia e não a Constituição Federal. Enquanto houver gente que pense poder sobrepor suas crenças aos direitos civis.

Temos ainda um longo caminho a percorrer…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoPorque ainda somos, para a desgraça da sociedade, um país de gente religiosa. Jamais seremos um Estado laico enquanto não formos uma sociedade de pessoas laicas. E vejam bem: ser laico nada tem a ver com a crença em um deus. Deus não se confunde com religião. Ser laico nada...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!