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Segundo pesquisa que o Instituto Paulo Montenegro realiza, 74% dos brasileiros são analfabetos (9%), alfabetizados de forma rudimentar (21%) ou em um nível básico (47%), isto é, no máximo “leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade.” (aqui).

Para essa maioria de brasileiros uma pesquisa eleitoral é uma verdadeira caixa preta. Imaginem, então, quando temos diversos institutos realizando pesquisas. Deve ser um sofrimento tentar entender certas coisas. Eu, que seria, pelo IPM, considerado alfabetizado pleno, tenho todas as dúvidas quanto a essas pesquisas. Muitas podem até ser divulgadas, mas não sei como. Vejamos:

1. Considerando que pesquisas de intenção de voto são, por natureza, de interesse público, existe algum órgão público que audita os institutos de pesquisa no que diz respeito às pesquisas de intenção de votos?

2. As pesquisas de intenção de voto devem ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral (ou nos TREs). Os materiais que compõem a pesquisa são entregues junto, ou apenas a pesquisa e seus resultados?

3. Se tudo for entregue para a Justiça, alguém, na Justiça, é responsável pela análise, para detectar possíveis “problemas”?

4. Considerando que pesquisas de intenção de votos são, por natureza, de interesse público, existe um padrão para pesquisas eleitorais ou cada instituto faz como bem entende?

5. A boa técnica diz que pode, antes de questionar a intenção do entrevistado, fazer inúmeras perguntas que, em tese, nada tem a ver com a intenção do eleitor? Estatisticamente falando: faz parte do objeto da pesquisa o direcionamento intencional prévio do entrevistado?

6. Quem audita as perguntas e a formatação dos questionários? É de boa técnica poder perguntar o que se bem entende?

7. Apesar de negócio privado, as pesquisas, repito, são de interesse público. Cabe ao Ministério Público a defesa dos direitos e interesses coletivos e difusos. Ora, pesquisas são de interesse público que tanto atingem coletividades quanto a todos os eleitores, de forma difusa, pois influencia nos destinos do país. O que tem feito o Ministério Público com relação às pesquisas eleitorais? Toma-as por corretas e não merecedoras de aferição ou auditoria? Ou faz como a Justiça, que descansa em berço esplêndido até ser provocada?

8. Partidos políticos e candidatos recebem dinheiro público para suas campanhas. Podem contratar pesquisas de intenção de votos, mesmo sabendo que as pesquisas podem interferir na intenção de votos de quem paga impostos e banca partidos e candidatos?

9. Tecnicamente, um pouco menos de 3 mil pessoas, isto é, pouco mais de 0,002% da população que vota (~ 142 mi) constitui, em média, a amostra que é pesquisada. Isso é realmente um número que afere a vontade do povo?

10. Por fim, se existe um período eleitoral oficial e somente nele partidos e candidatos podem se manifestar (sob pena de, se o fizerem antes, incorrerem em crime eleitoral – vejam os exemplos dos partidos que ingressam com ações contra a presidenta por causa das suas manifestações oficiais), POR QUE RAZÃO aos institutos de pesquisas é lícito se manifestarem ANTES do período eleitoral?

Fico nas dez, mas o povão deve ter muitas mais…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoSegundo pesquisa que o Instituto Paulo Montenegro realiza, 74% dos brasileiros são analfabetos (9%), alfabetizados de forma rudimentar (21%) ou em um nível básico (47%), isto é, no máximo 'leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!