XLIX – I – III EL

Quadragésimo Nono Dia do Primeiro Ano da Terceira Era Lula

57. Ok, pronunciado, são duas palavras, mas valem como uma. Alías, valem exatos 57 mil. Reais, não palavras. Por minuto. Vale o que um trabalhador, com salário mínimo de R$1320,00, levaria para ganhar a mesma coisa: 3,6 anos. Em um minuto a modelo ganhou o que um trabalhador levará 3,6 anos para ganhar.

Empresas não são criadas para fazerem benemerência. São criadas para dar lucro. Ponto!

Criticar que uma empresa produtora de uma marca de cerveja pagou R$10,3 milhões para uma famosa modelo brasileira passar pouco mais de uma hora (segundo consta, o contrato previa 3 horas de permanência no camarote) é fugir do real problema. Criticar a modelo por cobrar o quanto ela julga que vale o seu tempo, também é fugir do real problema.

Se a empresa julga que gastar R$10,3 mi vai lhe trazer mais lucros, vai sempre fazer isso. E por que vai ter lucro? Porque as pessoas vão consumir mais o produto ao verem a famosa. Porque a mídia vai divulgar mais (e de forma gratuíta, inclusive) a marca.

Poderia usar esse dinheiro de outra forma mais, digamos, socialmente proveitosa? Poderia, mas não vai. Não é essa a lógica que movimenta os negócios. Além do mais, a empresa possui diversos projetos (aqui e aqui) em áreas de desenvolvimento social e de sustentabilidade.

E é essa lógica que movimenta os negócios que deve ser analisada. É a mesma lógica que paga fortunas para alguns poucos jogadores de futebol enquanto a imensa maioria mal sobrevive do esporte. É a lógica que paga menos para mulheres esportistas em ramos iguais aos dos homens.

É a lógica que engambela e mantém pessoas como consumidoras, presas em uma ciclo: empresas produtoras –> empresas de marketing/propaganda –> empresas de mídia –> consumidores –> empresas produtoras … e assim de uma forma que torna quase impossível o chamado consumo consciente. A lógica reversa leva as empresas à bancarrota: consumo consciente implica em consumir apenas o necessário e com preocupação com a qualidade de vida/saúde.

A imensa maioria das chamadas “grandes empresas” da área de consumo alimentar/bebidas só produzem porcaria (ultraprocessados, bebidas, refrigerantes) e remédios para quem consome essas porcarias. É uma análise primária, sem dúvida, mas dá um exemplo que justifica que as empresas gastem milhões em ações como trazer uma modelo a “peso de ouro”.

A lógica precisa que exista uma masssa enorme de consumidores de baixa renda (portanto, com baixos salários) ávidos por consumirem produtos vendidos por modelos e jogadores de futebol. Todo mundo ganha, menos os consumidores, claro.

A lógica é fracionar não apenas o quilo da batatinha frita e vender o pacotinho para parecer “acessível”; a lógica é nunca fazer o consumidor se dar conta de que o quilo da batatinha frita custa mais de cem reais. A lógica é fracionar o pensamento e a capacidade de análise do consumidor empurrando modelos e jogadores.

A lógica é: quanto mais a gente puder enganar, mas ganhamos, mesmo que para isso tenhamos que gastar 57 mil reais por minuto.

A modelo? Bom, a modelo está se lixando pra tudo isso. Não posso negar que muitos dos críticos também se lixariam se estivessem no lugar dela.

https://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2023/02/Tio-Patinhas.jpghttps://www.escosteguy.net/wp-content/uploads/2023/02/Tio-Patinhas-150x150.jpgLuiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoXLIX - I - III EL Quadragésimo Nono Dia do Primeiro Ano da Terceira Era Lula 57. Ok, pronunciado, são duas palavras, mas valem como uma. Alías, valem exatos 57 mil. Reais, não palavras. Por minuto. Vale o que um trabalhador, com salário mínimo de R$1320,00, levaria para ganhar a mesma...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!