segundo amor

Porto Alegre, 1966. Pouco tempo depois de nossa família se mudar para o primeiro apartamento. Ainda criança, moraria em outros dois.

Desse segundo amor eu lembro o nome. Sônia. Era vizinha de prédio. Eu já com sete anos, para oito. Era mais para loira do que para morena, o que, de certa forma, ajudou a esquecer a morenice do primeiro amor.

Outros tempos, outra vida para as crianças. Apesar de morar em uma esquina de uma das principais avenidas de Porto Alegre (imaginem que por ela passavam os bondes do Menino Deus), podíamos brincar na rua com plena liberdade. E até tarde, quando era verão e férias.

E a turma era grande. Meninos e meninas. A escola ficava a duas quadras de casa e a maioria, por morar perto, estudava lá. O que nos tornava parceiros pela eternidade.

Sônia sabia da minha paixão, nunca explicitamente declarada, pois sempre fui tímido nessas coisas do amor.

Guardo a impressão de que não era correspondido, apesar de que o tempo a tudo distorce, quando trata de lembranças. De qualquer forma, o destino quis, mais uma vez, que eu me visse frustrado em minhas infantes pretensões amorosas.

Dessa vez ela se mudou. E foi para um lugar que, na época, era uma verdadeira viagem para se chegar. Foi morar em um bairro chamado Tristeza.

Foi quando, então, aprendi o que significava essa palavra.

Será que ela também lembra de mim?

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoPorto Alegre, 1966. Pouco tempo depois de nossa família se mudar para o primeiro apartamento. Ainda criança, moraria em outros dois. Desse segundo amor eu lembro o nome. Sônia. Era vizinha de prédio. Eu já com sete anos, para oito. Era mais para loira do que para morena, o que,...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!