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De um ser humano não devemos exigir que se retire da vida tão somente por ter  vivido um número grande qualquer de anos. O que nos torna inúteis para a sociedade, como seres, são as doenças e não a idade.

Dos inúmeros campos de atuação humana, a política é, no entanto, algo que a idade afeta. Uma exceção a regra.  E afeta de uma maneira quiçá pior que uma doença, pois tem consequências diretas para o povo.

O primeiro dos prejuízos é a natural barreira para o ingresso de “novas cabeças”, “sangue novo”; o segundo, consequência do primeiro, é a quase petrificação da política.

Com raras exceções, é muito demorado para escalar a parede dos altos cargos. A menos, claro, que já se comece com um bom QI no partido.

Um político tem o dever, a obrigação de saber quando fazer a fila andar. Pedro Simon, honradamente, havia decidido se aposentar.

Comecei minha vida de serviço público sob seu governo no estado do RS. Votei nele numa das eleições para o senado.

Pedro Simon, no governo, foi apenas o PMDB. Da mesma forma que o foi outro governador pmdebista. Ambos quebraram o estado. Pedro Simon, como senador, tinha seu papel, um papel importante na tribuna, não mais que isso.

Tornou-se obsoleto.

E muito me admira que um homem de 86 anos não tenha aprendido a dizer não. Se ninguém quis assumir o lugar do Beto Albuquerque, por que ele deveria aceitar? Pelo partido? Pela causa? Pelo Brasil?

Ninguém quis porque sabiam que não tinham chances. Como Beto Albuquerque sabia. Mas a candidatura de Beto tinha outras razões. Era necessária como apoio para Eduardo Campos e para manter a sigla na vitrine.

Pedro Simon quebrou o ditado que diz que macaco velho não coloca a mão em cumbuca. Meteu.

Pedro Simon é cacique dentro do partido que tem o vice presidente e atual candidato a vice na chapa com Dilma. Que o PMDB local tenha se associado ao PSB, já é algo quase incompreensível; que Simon tenha embarcado nessa, é totalmente incompreensível.

Pensa em ajudar o companheiro de partido candidato ao governo? Outro sem chance alguma. Queiramos ou não, as eleições no RS estão e serão polarizadas entre Tarso Genro e Ana Amélia. Queiramos ou não, as eleições para o senado estão e serão polarizadas entre o Olívio Dutra e o Lasier.

Sartori  e Simon  são apenas PMDB.

Nada mais que isso. E isso é o que podemos ter de pior: ser apenas PMDB em um país que precisa de grandes mudanças.

Sem preconceito algum e mantidas as exceções de praxe, mas velho não muda nada. Político velho menos ainda.

Dos meus poucos 57 anos de vida, em todos eles o Simon estava presente na vida política. Ele e mais uns tantos. Assim não tem como mudar um país.

Das dez razões que existem ao longo do texto, essa é a mais importante no momento: ao Pedro Simon faltou o que dizem os gaúchos: culhões para dizer NÃO!

Esse é um modelo que não me serve.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoDe um ser humano não devemos exigir que se retire da vida tão somente por ter  vivido um número grande qualquer de anos. O que nos torna inúteis para a sociedade, como seres, são as doenças e não a idade. Dos inúmeros campos de atuação humana, a política é, no...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!