plebiscito ou referendo

Devo admitir que pensar é uma atividade penosa para muita gente. Requer muita leitura e o aprendizado – de preferência quando ainda criança – das formas de elaborar os conteúdos lidos.

Sabe-se que essas habilidades – leitura, análise e síntese – não estão presentes no arcabouço intelectual da maioria das pessoas aqui no Brasil. Veja-se, por exemplo, o índice de analfabestismo funcional, que anda na casa dos 76% das pessoas que mal conseguem ler uma manchete ou um texto curto de jornal.

Se não leio, não tenho o que analisar e, consequentemente, não tenho elementos para formar uma síntese que passa a representar o meu pensamento. Claro que a experiência é fonte, mas é fonte limitada.

Esse é o primeiro problema da diferença entre o plebiscito e o referendo para a forma com se dará a reforma política (quiçá um dia se dê…).

No referendo eles decidem por você quais as categorias de análise farão parte da reforma e só o consultarão depois de tudo pronto para dizer se concordas ou não.

Aí começa a falcatrua, pois via de regra a mídia oligárquica defenderá uma das posições (sim ou não) e bombardeará as pessoas com ralas manchetes defendendo o que querem que aconteça. É a tática que sempre usam, pois sabem que atingem a grande maioria das pessoas que são desprovidas daquelas habilidades antes comentadas.

Você não poderá escolher (logo, pensar) no que deveria fazer parte ou não da reforma. E é aí que alguma coisa que você julga importante pode ficar de fora, sem que você possa fazer algo para mudar.

Agora pense (!) num fato da mais alta gravidade: o Congresso eleito em 2015 será o Congresso que irá fazer a reforma para apresentar ao referendo do povo.

Já pensou(!)? É o Congresso mais conservador e retrógrado que já tivemos desde os tempos da ditadura. E você pretende confiar nessa gente para decidir, ANTES, por você?

Lembre-se: escolher representantes não tira de você o direito de continuar decidindo sobre a sua vida.

O plebiscito, por outro lado, é uma oportunidade PRÉVIA para que você OPINE sobre o que quer ou não que seja tema para constar da reforma política. Escolhidos os temas pelo povo, é sobre eles que os representantes deverão elaborar a reforma. Nem mais nem menos.

É o povo no poder e não os representantes, que, sabemos, depois que estão lá só pensam em si e nas falcatruas que irão aprontar…

O outro ponto importante fica para o próximo post: constituinte exclusiva ou “essa coisa” que foi eleita?

OK, você dirá que votou “nessa coisa”, e que, portanto, tudo o que eles fizerem você já deu um aceite prévio.

Devo admitir que pensar é realmente uma atividade penosa para muita gente…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoDevo admitir que pensar é uma atividade penosa para muita gente. Requer muita leitura e o aprendizado - de preferência quando ainda criança - das formas de elaborar os conteúdos lidos. Sabe-se que essas habilidades - leitura, análise e síntese - não estão presentes no arcabouço intelectual da maioria das...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!