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Se publicou, públicas também são as críticas!

É um verdadeiro escárnio o que a Folha de São Paulo, a exemplo anterior d’O Globo, faz em seu editorial.

A quem pensam enganar, dando uma no cravo e outra na ferradura? O texto nada mais faz do que confirmar algo que todos sabem: é um jornal tendencioso, com lado explícito – o seu – e cujo único objetivo é aumentar o patrimônio da família dona, às custas da ignorância de quem compra.

A história – e nada mais que a história – desmente parágrafo por parágrafo o que ali está escrito. Até mesmo quando dizem que passaram a se opor à ditadura em sua “metade seguinte”: “Às vezes se cobra, desta Folha, ter apoiado a ditadura durante a primeira metade de sua vigência, tornando-se um dos veículos mais críticos na metade seguinte.”

Até hoje a Folha de São Paulo é golpista ou a favor de governos liberais que favorecem a concentração da riqueza em poucas mãos. O que a turma da Folha esquece, é que vivemos em outros tempos, em tempos que tudo é o que é dito não fica mais apenas guardado em aquivos “físicos”, com acesso quase que restrito. A história está disponível para quem se disponha a lê-la.

Mas é com isso que a Folha de São Paulo joga: joga para a nova plateia, formada por jovens que, em grande parte, sequer sabem o que foi a ditadura. O que dizer, então, do que sabem sobre a participação da mídia da época (as mesmas ainda hoje).

Banca a “santa mídia” imaginando criar uma aura de “erramos, mas quem não errou? Mas vejam: admitimos nosso erro. Logo, acreditem em nós!”

PODRES! Podres de caráter! Seres de cidadania em putrefação! Isso é o que são, donos e jornalistas. Jornalistas que se submetem em troca da pior escravidão que existe: a escravidão da consciência.

Quem tiver paciência que leia até o fim. Parágrafo por parágrafo, a mentira se mostra:

“O regime militar (1964-1985) tem sido alvo de merecido e generalizado repúdio. A consolidação da democracia, nas últimas três décadas, torna ainda mais notória a violência que a ditadura representou.”

Técnica tradicional. Parte do pressuposto que 90% das pessoas não lerá mais do que um ou dois parágrafos. Assim, começar com um que dê a tônica desejada como sendo aquela que será a transmitida, é coisa que até minha filha de oito anos já aprendeu. Que lindo! Dirão muitos. A Folha de São Paulo se arrependeu!

“Violência contra a população, privada do direito elementar ao autogoverno. E violência contra os opositores, perseguidos por mero delito de opinião, quando não presos ilegalmente e torturados, sobretudo no período de combate à guerrilha, entre 1969 e 1974.”

Começa a introduzir o cravo. Outra técnica básica: começa falando de “A”, mas termina falando de “B”. A questão, nesse parágrafo, é dar a tona: vou parecer uma madalena arrependida, mas vou lembrar vocês da guerrilha, certo?

“Aquela foi uma era de feroz confronto entre dois modelos de sociedade –o socialismo revolucionário e a economia de mercado. Polarizadas, as forças engajadas em cada lado sabotavam as fórmulas intermediárias e a própria confiança na solução pacífica das divergências, essencial à democracia representativa.

A direita e parte dos liberais violaram a ordem constitucional em 1964 e impuseram um governo ilegítimo. Alegavam fazer uma contrarrevolução, destinada a impedir seus adversários de implantar ditadura ainda pior, mas com isso detiveram todo um impulso de mudança e participação social.”

Como se diz nos açougues, está enchendo a linguiça, apesar da expressão absolutamente contraditória: “A direita e parte dos liberais”. Sabedora de que seu público não aprendeu quase nada na escola, joga com as palavras. Direita e liberais são a mesmíssima coisa! Não existe liberal de esquerda, tanto quanto não existe direita que não seja liberal.

E o que é pior, ao introduzir conceitos, confunde, propositadamente, alhos com bugalhos: estabelece comparação negativa entre o que chama de “socialismo revolucionário” com “economia de mercado”. Mais uma vez joga para os incultos que eles mesmo ajudaram a criar.

Há que se observar a segunda menção ao caráter que a Folha de São Paulo dá ao seu editorial de desculpas: primeiro fala em “guerrilha”, agora em “revolucionário”. Ambas as expressões aparecem como contraposição à ordem estabelecida pela ditadura.

Uma joia rara, uma pérola perfeita o próximo parágrafo:

“Parte da esquerda forçou os limites da legalidade na urgência de realizar, no começo dos anos 60, reformas que tinham muito de demagógico. Logo após 1964, quando a ditadura ainda se continha em certas balizas, grupos militarizados desencadearam uma luta armada dedicada a instalar, precisamente como eram acusados pelos adversários, uma ditadura comunista no país.”

Repito: “reformas que tinham muito de demagógico”. Caramba!!! São as mesmas reformas que hoje movem a direita para açodar os governos petistas.

Reclamam que Lula e Dilma não fazem a reforma agrária necessária!!! Reclama da educação!!! Reclamam da saúde!!! Reclamam pela reforma tributária!!!

Jesus Cristo nosso Senhor que Estais no Céu!!!

O que a direita hoje mais reclama, então, tem “muito de demagógico”? Respeite o povo, Folha de São Paulo! Claro, esqueci. As questões não eram essas, né? Foi a questão da remessa de lucros, da desapropriação de terras ao longo das faixas de domínio em rodovias.

Foi isso, né? A propriedade. Questão bem mais de fundo do que a mentira de afirmar “reformas que tinham muito de demagógico”, né Folha de São Paulo?

“As responsabilidades pela espiral de violência se distribuem, assim, pelos dois extremos, mas não igualmente: a maior parcela de culpa cabe ao lado que impôs a lei do mais forte, e o pior crime foi cometido por aqueles que fizeram da tortura uma política clandestina de Estado.”

Por essa, os responsáveis pela Folha de São Paulo deveriam ser processados, se nossa sociedade já fosse madura o suficiente para tanto. Deliberadamente a Folha de São Paulo erra na hora de bater na ditadura, ops!, na ferradura! Olha a preciosidade:

“política clandestina do Estado”.

Valha-me, meu padim padre Cícero!

Quer dizer que a Folha de São Paulo, que vem a público pedir desculpas, chama de “política clandestina do Estado” tudo o que foi feio DELIBERADAMENTE pelo Estado?

Não creio que tenha condições de continuar depois dessa. Dizer que tudo foi “UMA POLÍTICA CLANDESTINA DO ESTADO”? (sim, em caixa alta, pois estou berrando…)

Para se defender, a Folha de São Paulo parte para a questão econômica:

“Isso não significa que todas as críticas à ditadura tenham fundamento. Realizações de cunho econômico e estrutural desmentem a noção de um período de estagnação ou retrocesso.”

Claro que os parágrafos seguintes não passam de loas ao “Esse é um país que vai pra frente, ô ô ô ô ô!”

Mente deslavadamente quando fala que “Todas as camadas sociais progrediram, embora de forma desigual, o que acentuou a iniquidade.” Foi nessa época que o nível de miséria se acentuou no Brasil. Dizer que “todas as camadas sociais progrediram” é um atentado contra a inteligência dos que se tornaram miseráveis à custa do enriquecimento de poucos, graças ao “milagre econômico”.

É sobejamente sabido que, entre ganhos e perdas, o Brasil, perdendo. A tão falada substituição das importações foi feita com base no modelo de importação de tecnologia, em detrimento do modelo de desenvolvimento de tecnologia.

Chega a ser hipocrisia usar isso como defesa para a ditadura. Esse modelo teve a PIOR DAS CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:

acabou com a educação no Brasil!

Não por outra, foi a ditadura a promover a tão famosa “reforma do ensino”, que liquidou de vez com o ensino no Brasil. E, diga-se de passagem, até hoje a Folha de São Paulo é grata, pois já formou quatro gerações de cidadãos incapazes de pensar criticamente.

Quase que ao final a Folha de São Paulo se supera, ao dizer que a ditadura:

“Dissolveu-se numa transição negociada da qual a anistia recíproca foi o alicerce.”

Não sei mais a que deus apelar! Juro! É por essas e outras que não dá para acreditar na existência de um deus, mais ainda nesse tal deus judaico-cristão que a tudo vê a tudo pune!

Como é que um ser humano que escreve que a anistia foi “negociada e recíproca” ainda não levou um raio na cabeça?

(Cheguei a pensar que morreria sem jamais ler esse tipo de coisa, mas acho até que sei a resposta: deus não gastaria seus raios para dizimar algo que não existe!)

Por fim, se defendem como qualquer estuprador se defende:

“É fácil, até pusilânime, porém, condenar agora os responsáveis pelas opções daqueles tempos, exercidas em condições tão mais adversas e angustiosas que as atuais. Agiram como lhes pareceu melhor ou inevitável naquelas circunstâncias.”

Diante de adolescentes de mini saia é o que dizem os estupradores: fiz porque me “pareceu melhor ou inevitável naquelas circunstâncias”.

Só que, na época, a vítima da Folha de São Paulo era o povo e não uma menina indefesa! E as pessoas eram, senão todas, quase todas as mesmas que lá trabalham. E, claro, OS DONOS SÃO OS MESMOS!!! (sim, é grito!)

Depois de feito o mal, não adianta pedir perdão, como se isso fosse isentar do crime cometido.

A Folha de São Paulo, assim com o Estadão e o Globo (e Veja, Época e por aí vai…), por mais que queiram passar por anjinhos para as novas gerações, foram e ainda são coniventes com sistemas que, embora não declaradamente ditaduras políticas, são ditaduras midiático-econômicas-liberais!

Leiam tudo aqui, se quiserem!

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyBrasil Sem PIGSe publicou, públicas também são as críticas! É um verdadeiro escárnio o que a Folha de São Paulo, a exemplo anterior d'O Globo, faz em seu editorial. A quem pensam enganar, dando uma no cravo e outra na ferradura? O texto nada mais faz do que confirmar algo que todos sabem:...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!