Este post foi escrito pelo Flavio Prada (que está temporariamente sem acesso ao MT)
Como bem colocou o Afonso no post anterior, nosso blog não tem como linha geral o apoio
de iniciativas comerciais. O efeito destas iniciativas quase sempre são positivos, porém
como tudo na vida, a questão tem muitos lados. Grandes empresas se empenham sempre
mais e mais a fazer o chamado greenwashing, ou seja, ações de impacto para construir
uma imagem positiva no mundo onde cresce a consciência ecológica.
A Nokia mandou o release da uma iniciativa positiva, sem dúvida. Mas talvez fosse oportuno
dizer que a industria de celulares, da qual a Nokia é um dos expoentes principais, sabe que
vende produtos sobre os quais se faz uma grande polêmica sobre a segurança do uso e por
isso faz enormes esforços para garantir uma imagem de industria “limpa” e “verde”. Isso
não quer dizer que a imagem de uma empresa ou de um produto corresponda exatamente
à verdade. Claro que a verdade é sempre distante e não existem provas seguras que o
celular induza ao câncer no cérebro por exemplo, mas também não existem provas de que
não cause a doença. Algumas evidencias porém começam a surgir.
As radiofrequências (30KHz-300MHz) e microondas (300-3000MHz) não existem na
natureza, no espectro eletromagnético terrestre. Estudos comprovam os efeitos deletérios
desses campos, tanto é que em qualquer lugar do mundo minimamente civilizado existem
leis que regulam e impedem que se construam casas próximas à estações e linhas de
transmissão de energia e antenas de rádio, incluindo às de celular. Acontece que o nível de
radiação que atinge teu cérebro (as microondas conseguem penetrar cerca de 2 ou 3 cm na
caixa craniana) é 10.000 (leu bem, dez mil) vezes maior que a radiação de quem se
encontra a menos de 30 metros de uma antena de repetição de sinal de celular. Claro que
morar embaixo da antena e usar o celular por poucos segundos tem uma diferença de
tempo de exposição enorme mas a carga que o aparelhinho joga no cérebro pode
compensar isso e causar danos. Isso porque o efeito imediato dessas ondas no cérebro é do
aumento de temperatura, tal e qual ocorre no interior do teu forno de microondas. Esse
aumento vai favorecer alterações no DNA e proteínas com enorme potencial para a
ocorrência de um câncer. E a área atingida é aquela periférica, do córtex cerebral. Algumas
pesquisas recentes evidenciam problemas de cognição e memoria logo após o uso de
telefoninho. Seria o caso de pedir as autoridades que metam nas costas dos celulares o
aviso: “O Ministério da Saúde adverte: chamadas de mais de dois minutos podem fritar teus
miolos!”
Sendo assim, diante disso as industrias tentam atualizar os aparelhos e melhorar a sua
performance para evitar problemas, mas o maior laboratório é o mercado e as cobaias
somos nós. E pagamos por isso ainda.
Faltou dizer também que existe um enorme interesse econômico por trás da reciclagem de
aparelhos. Um indireto e outro direto. Primeiro o indireto: ali dentro daquele simples
radinho existe uma infinidade de produtos tóxicos e cancerígenos que se manipulados por
mãos ingenuas podem causar muitos danos. O interesse da industria nesse caso é evitar
causas e processos que possam ferir sua imagem. Fica claro que a preocupação não é com
a saúde das pessoas, principalmente quando se analisam casos como o do Coltan.
O Coltan é o nome comercial de um composto de Niobite (columbite em inglês) e Tantalita
que se apresenta na forma de uma areia negra e é largamente utilizada na industria
eletrônica como componente que aumenta a durabilidade das baterias. 80% das reservas
desses minerais se encontram no Congo.
Nokia, Eriksson e Sony são ou eram grandes compradores desse mineral. O aumento do
interesse pelo material fez com que os preços também se elevassem enormemente. Isso
causou uma “corrida do Coltan” Como o Congo tem la seus problemas de instabilidade
politica, tudo ficou um tanto fluido e caótico (as coisas são nebulosas quando se fala dessas
coisas) e juntou-se à especulação de grupos internos a corrupção de vários níveis e os
preços andavam la pelas estrelas. Os compradores, ou seus laranjas (sempre as nebulosas
cortinas) passaram então a fomentar a produção em pequena escala e o contrabando. Para
isso se recorreu inclusive ao apoio de grupos guerrilheiros e que tais. A comunidade
internacional começou a se interessar pelo caso e as empresas começaram a se expor, mas
não muito, sabe como é. A Sony anunciou recentemente que os Playstation não contém
mais o Coltan do Congo, mas analistas especializados na área sustentam que é mentira:
impossível que se produzam dezenas de milhões de aparelhos sem recorrer ao bom e velho
contrabando Congolês. Na verdade por um tempo o aparelho da Sony sumiu do mercado
por falta de Coltan, mas por problemas ligados à guerra e não por algum tipo de consciencia
humanitària.
Poderia se acrescentar que o Coltan é um material que contém uma bela porção de urânio
na sua composição e por isso, radiativo. Se não bastasse a emissão de microondas, os
brinquedinhos vem com essa areiazinha mágica. Vamos dizer que seja seguro para quem
usa o celular, o que é sempre a se comprovar, mas o problema imediato é o dos pobres
mineradores artesanais congoleses que extraem o material com mãos nuas e sabe, mãos
nuas e urânio não vão sempre de acordo…
Seria interessante saber o que a Nokia tem como programa ecológico para o Congo e seus
habitantes e onde ela compra seu Coltan.
Caso do destino, leio que recentemente descobriram enormes reservas de Coltan no Brasil.
Onde poderia ser? Amazônia, claro. E viva! Vamos botar esses congoleses no chinelo!! Deus
é mesmo brasileiro.
Finalizando, faltou também dizer que o interesse direto que as industrias tem na reciclagem
é que a e-waste é um enorme business. Os aparelhos depois de bem moídos, restituem
vários metais preciosos, tais como ouro, platina, prata e cobre. Isso vale dinheiro, pra quem
não sabe. Como é? Eles estão preocupados só com o planeta? Ahh…
Concluindo, o melhor a se fazer no caso dos celulares é
1_ Não acreditar no conto da carochinha das industrias
2_ Usar o celular com o viva voz ou fones e o minimo tempo possível.
3_ Pensar: o celular é mesmo indispensável à vida?
4_ Organizar ou fazer pressão em modo que a reciclagem seja uma atividade promovida
pelo estado, que pode revender os materiais e investir na segurança dos trabalhadores. Por
exemplo daqueles que se empenharão na extração de Niobite e Tantalita na Amazônia.
5_ Fazer o possível para que a Niobite e a Tantalita amazônica fique repousando em paz
como tem feito nos últimos 150 milhões de anos.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyecocríticaFaça a sua partereciclagemEste post foi escrito pelo Flavio Prada (que está temporariamente sem acesso ao MT) Como bem colocou o Afonso no post anterior, nosso blog não tem como linha geral o apoio de iniciativas comerciais. O efeito destas iniciativas quase sempre são positivos, porém como tudo na vida, a questão tem muitos lados....Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!