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De antemão, deixa eu dizer que concordo com a tese de que o Estado não deve produzir bens.

Trabalhei, por três anos, em uma empresa estatal que produzia leite e laticínios. O argumento mais utilizado – quase o único – pelos defensores da existência da empresa era de que a empresa tinha por função fazer a regulagem dos preços e comprar a produção daqueles pequenos produtores que, pelos custos de captação, não interessavam às grandes empresas do setor.

Foi dura a batalha para o governo da época se desvencilhar daquele traste. Participei do projeto. E não tenho temor algum em dizer que foi um excelente negócio para o Estado. Afinal, passados mais de 20 anos, a indústria de laticínios segue fazendo aquilo que sabe fazer sem precisar de um governo que a regule. E, nos desvios, temos o Ministério Público para atuar, a ver o caso da “Operação Leite Compen$ado”, só para citar o ramo dos laticínios.

Feito o introito, direciono o escrito para a “reforma” que o governador do RS está aprontando.

Como sempre, a culpa é de qualquer um, menos de quem realmente tem culpa. Entre as prováveis extinções que serão anunciadas, estão nove fundações.

Fundações, por natureza, não produzem bens, não ao menos no sentido material ou econômico da expressão. Não objetivam lucro, são entidades que visam ao desenvolvimento social. São braços operacionais dos governos utilizados para implementar as chamadas políticas públicas.

Tomemos o caso da política de cultura. O Estado, nesse caso, tem apenas duas funções: fomentar e criar. Fomenta a cultura naquilo que é de interesse social (detalhe: interesse social e não interesse partidário ou ideológico) ou cria, quando o mercado, mesmo fomentado, não responde às necessidades das políticas.

A Fundação Piratini – Rádio e Televisão atende às duas funções. Ela não produz carros, leite ou impressos. Produz cultura e fomenta a produção de cultura.

E, sabemos bem, sequer é concorrente direta dos conglomerados midiáticos que sustentam ideologicamente o governo, a não ser pelo uso de frequências do espectro eletromagnético (tirar a FM Cultura do ar, por exemplo, significa mais uma frequência disponível para uso privado).

Mas, também sabemos muito bem, entre a sonegação e a corrupção, a culpa é dos serviços públicos.

Enxugar a máquina é o receituário neoliberal. Receituário, por “coincidência”, criado e imposto pela academia criada e bancada ideologicamente exatamente por quem deseja se ver livre para sonegar e corromper.

Não deveríamos esperar de um governo como esse, que viesse a público anunciar medidas contra a sonegação. Que viesse a público anunciar que ao término do governo pretende reduzir em, sei lá, 50% a sonegação e recuperar, sei lá, outros 50% já sonegados.

Nada, sequer um piu! A história, para quem, como eu, já viveu mais de 50 anos, é sempre a mesma: a sonegação continuará galopante – como sempre foi – e os serviços públicos cada vez “mais piores”.

Não é por outra razão que o maior conglomerado midiático do Sul do Brasil está sendo investigado naquela que é uma das maiores sonegações já vistas nesse país.

Mas sabemos, ainda mais, que esse senhor, José Ivo Sartori, não tem culhões para enfrentar a sonegação.

Prefere a covardia de “bater nos mais fracos”…

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