Secreto

Eis que Reinaldo Azevedo, quiçá tomado por enorme felicidade diante da morte de um verdadeiro mestre – sim, gente como ele fica feliz quando mestres morrem, pois pensa poder ocupar seu lugar no coração das pessoas – escreve pérolas de valor inestimável.

Arvora-se de crítico literário a crítico político em um único post. O supra sumo do prazer que Gabriel Garcia Marques podia lhe dar com a morte.

E quando digo pérolas, falo dessa, por exemplo:

“Gabriel García Márquez dominava plenamente seu ofício e brincava com as palavras. Sua literatura tinha cor, tinha cheiro, tinha gosto. Reinventou o realismo mágico e criou um estilo.” (aqui)

A Veja gasta – com justiça – fortunas para pagá-lo. Afinal, somente ele tem essa capacidade de dizer – como autor de grande verdade e único a saber – que um Prêmio Nobel “dominava plenamente seu ofício e brincava com as palavras”.

Estou pasmo! Juro! E dizer que eu não sabia que ele dominava o ofício. Até hoje pensava que esse tal Nobel era uma palhaçada. Graças ao bom e justo Reinaldo, fui iluminado!

Mas devo confessar, no entanto, que, mesmo após literalmente mastigar seus livros, ainda não descobri qual o tempero que GGM colocava. E por aí vai…

Dizer que literatura tem gosto, cheiro e cor é coisa para gênios superdotados. Eu, por exemplo, jamais teria capacidade de escrever algo do tipo “Madalena nutria tão singelos sentimentos por Jesus, que sua simples presença a fazia sentir o perfume das oliveiras que cercavam Jerusalém.”

UAU! Sentiram, também, o cheiro da minha literatura?

Medíocre! Mais até do que eu! Há, porém, um detalhe interessante para quem sabe ler: Reinaldo não queria falar do GGM.

Queria, como o fez, falar mal da esquerda, do comunismo, de Fidel e de tudo o mais que pudesse ser associado – ou remeter – aos demônios que só a direita ultraconservadora, como ele, vê em qualquer canto que olhe.

Contem as palavras e verão que, tirando a pérola que citei, nada mais é dito sobre GGM, a não ser tê-lo chamado de “idiota político”.

UAU! Se indicarem o nome do Reinaldo como candidato ao Prêmio Nobel – ou mesmo, quem sabe, para fazer par com Merval, FHC e Sarney na ABL – juro que farei intensa campanha…

Afinal, quando a Besta-Mor sobrevoa nossos campos, nada mais há que fazer…

(shhhh… não contem pra ninguém…)

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyBrasil Sem PIGEis que Reinaldo Azevedo, quiçá tomado por enorme felicidade diante da morte de um verdadeiro mestre - sim, gente como ele fica feliz quando mestres morrem, pois pensa poder ocupar seu lugar no coração das pessoas - escreve pérolas de valor inestimável. Arvora-se de crítico literário a crítico político em...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!