reta

É fácil entender o porquê da mídia ser considerada como porta voz da verdade para uma imensa maioria de pessoas: ela oferece a reta para mentes que não gostam de – e para algumas que não conseguem – pensar.

É algo do tipo: se de A decorre B segue que não devo questionar A, pois me foi dito que A é a mais pura verdade. E quem nos diz que A é a mais pura verdade? Grande parte das pessoas se utilizarão da mídia (significa dizer, dos jornalistas. E alguns sequer o são formalmente) para fundamentar suas respostas.

A mesma pergunta, “e quem nos garante que A é a mais pura verdade?”, pode ser respondida por outro caminho que não a reta. Para isso temos que ter a coragem intelectual de questionar não só quem afirma ser A a mais pura verdade, mas o próprio conteúdo de A.

Hoje ouvi uma correspondente de uma grande rede local dizer: “Eles foram julgados e condenados. Logo, são corruptos!”. B decorre de A: ser corrupto decorre de terem sido julgados e condenados. O raciocínio parte da assunção de que A é a mais pura verdade, isto é, de que ser julgado e condenado é algo que jamais pode ser questionado.

O caminho curvo, que não interessa para a mídia vender, e que os preguiçosos não querem percorrer, é justamente a coragem de questionar: – Peraí! Será que houve um julgamento?

Quando fazemos essa pergunta aos preguiçosos, a resposta invariavelmente são outras retas: estás duvidando do STF? Estás dizendo que os ministros do Supremo (enchem a boca para pronunciar supremo) não sabem julgar? E por aí vai… Observem que a expressão mais utilizada é “não sabem”. Poderia ser “cometem erros”. Demonstrar a diferença é tarefa árdua.

Mas é tarefa hercúlea a tentativa de mostrar fatos que demonstram a existência de erros e que, portanto, não houve um julgamento, embora o tecnicismo permita dizer que houve. E aqui se estabelece a diferença entre uma reta e uma curva que une dois pontos.

Preguiçosos intelectuais seguiram afirmando que houve um julgamento. E do julgamento resultou uma condenação. Logo, são corruptos.

A coragem intelectual que nos leva por caminhos curvos (questionar A) foi maravilhosamente expressa por George Bernard Shaw:

“Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem ‘Por quê?’ Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo ‘Por que não?”

Algumas condenações foram uma farsa.

Por quê? Perguntam os preguiçosos.

Por que não?

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoÉ fácil entender o porquê da mídia ser considerada como porta voz da verdade para uma imensa maioria de pessoas: ela oferece a reta para mentes que não gostam de - e para algumas que não conseguem - pensar. É algo do tipo: se de A decorre B segue que não...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!