goethe-werther

Das artes que misturam letras – poesia, literatura, técnica (para os mais afoitos, digo que sim, pode haver arte em um relatório técnico), cartas de amor, posts e até tuítes – a que em menos tenho talento é literatura. Aliás, nenhum. Uma pena. Nas demais, faço como muita gente: bato o alfabeto no liquidificador e, de vez em quando, até sai alguma coisa legível, não necessariamente algo que preste.

Não recordo, quando infante, de ter sonhos com que o queria ser “quando crescesse”. Sabia, apenas, que tinha facilidade com números. Acabei, por obra e graça de professores das “exatas”, enveredando para o trato com eles, os números. O lidar com as letras? Bom, essas demoraram muito a entrar na minha realidade. Estavam sempre restritas às misturas feitas pelos “grandes”.

Sempre adorei ler exatamente pela minha incapacidade em saber escrever. A cada livro sempre a mesma pergunta: como pode alguém ser capaz de produzir um romance, uma poesia? Como conseguem descrever sentimentos que se tornam nossos? Como, somente com uma mistura de letras conseguem nos fazer viver por horas, mesmo depois de fechadas as páginas, no mundo criado? Como pode Goethe criar Wherter?

Vivia em um enorme círculo vicioso: quanto mais eu lia, mas percebia minha incapacidade para escrever; quanto mais me sentia incapaz, mais lia. As letras se interpunham entre a minha pretensão de um dia, quem sabe, escrever nem que seja uma poesia e a minha realidade de incapaz.

Por alguns anos, tentei outras formas: música, pintura e namoradas. Bom, devo admitir, naquela época as namoradas ainda exigiam um certo manejo com as letras. Afinal, uma boa “cantada” não era para qualquer um. E até nisso meu talento não se mostrava sempre eficiente, a ver o número de foras que levei, bem maior do que os acertos.

Já entrando no que espero ser o terço final da vida, quiçá haja tempo para encontrar o liquidificador usado pelos grandes escritores…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoDas artes que misturam letras - poesia, literatura, técnica (para os mais afoitos, digo que sim, pode haver arte em um relatório técnico), cartas de amor, posts e até tuítes - a que em menos tenho talento é literatura. Aliás, nenhum. Uma pena. Nas demais, faço como muita gente:...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!