Marina da Silva, ex-ministra do Meio Ambiente no Governo Lula, e detentora de 20 milhões de votos nas eleições de 2010, lançou hoje (16/02/2013), um novo partido. Ok, injustiça dizer que “ela” lançou, dado que havia muita gente em Brasília.

Não se discute o direito de quem quer que seja de criar o que quer que queira. Não vou entrar nesse mérito, a legislação de criação de partidos políticos rege-se pela Constituição. Ponto.

A plataforma básica da REDE (apelido que ela mesma criou e que permanecerá) é a sustentabilidade. Nas suas mais variadas acepções: tem espaço para qualquer um, não é do contra nem a favor, mas prevalece, pelas manifestações (e histórico) a questão da sustentabilidade ambiental.

O Faça tem por tradição não fazer política partidária e não serei eu a romper as regras. Mas… Quando a sustentabilidade se torna bandeira partidária, quero crer que caibam algumas observações.

A primeira delas, e quem tem a vontade de me ler por aqui sabe, é a de que o modelo de sustentabilidade desenvolvido e defendido nas últimas décadas do séc. XX acabou. Não se sustenta mais. Foi absorvido pelo “sistema”.

A proposta de um mundo novo ser possível naufragou na impossibilidade – muito simples – de alimentar esse “novo mundo”. Hortinhas de cebolinhas, manjerona, salsinha, etc. em casa, não irá trazer para a mesa dos famintos o feijão, o arroz, o pão, a margarina, o leite, o café,… E eis aqui a questão: as alternativas criadas pelos utópicos de 72 não passam disso: meras utopias sem olhar o horizonte…

Marina e seu partido escrevem – e assinam embaixo – que não querem doações de empresas que fabricam agrotóxicos, dentre outras. Afora a questão ideológica de ser intestinalmente contra o capitalismo que essas empresas representam, o modelo segue o padrão de sustentar uma humanidade de 50 mil habitantes e não de 10 BILHÕES como seremos em pouco tempo.

Não há, hoje, modelo de economia capaz de resolver essa questão. Mesmo os que produzem na “forma alternativa” sabem que, todos juntos, levariam algo como 500 anos – e contando com a diminuição da população – para conseguirem alimentar adequadamente a humanidade. O argumento de que o modelo atual também não consegue não procede, pois o problema não é de produção, mas de modelo de economia que privilegia a distribuição/venda. A economia é dita uma ciência, mas uma ciência que peca na principal raiz que a sustenta: a escassez.

Economistas (quase todos formados e letrados na economia defensora do lucro) defendem com unhas e dentes a máxima de que “os recursos são escassos”. A mesma economia, no entanto, criou um sistema de distribuição petróleo-baseado. Estradas para caminhões e automóveis. E uma vida plástico-baseada.

O plástico é infinito, parece! Esse “argumento” deve ter convencido Marina a aceitar como vice, em 2010, o dono da Natura que, não seria preciso dizer, EMBALA SEUS  PRODUTOS EM PLÁSTICO” e PAPELÃO (até onde sei, as embalagens não são feitas de papel reciclado).

O que a Marina quis dizer foi: acabemos com a economia capitalista que explora e destrói a natureza. Voltemos, nós os 10 bilhões de seres humanos, para as cavernas, de onde jamais deveríamos ter saído.

A Terra não é um útero, como queriam (e talvez ainda queiram) os defensores de Gaia. A Terra não é escassa e esgotável como defendem os que disso se valem para “fazer preço”.

Sobram recursos na Terra: sobra água, sobra terra, sobra comida, sobra verde, sobra tudo! Inclusive gente nas cidades!

O que falta é acabar com a hipocrisia de achar que um modelo “velho e combalido” de sustentabilidade ambiental é a solução para o Brasil.

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyecocríticaFaça a sua partePara pensarMarina da Silva, ex-ministra do Meio Ambiente no Governo Lula, e detentora de 20 milhões de votos nas eleições de 2010, lançou hoje (16/02/2013), um novo partido. Ok, injustiça dizer que 'ela' lançou, dado que havia muita gente em Brasília. Não se discute o direito de quem quer que seja...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!