200 milhões

Texto escrito a partir de um comentário da Denise Schmitt de Queiroz e de uma indicação de leitura do Sergio Prado Pecci, nesse post: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=655260491150971&set=a.556087944401560.136167.100000010772314&type=1

Somos um país de 200 milhões de técnicos de futebol. Vencedores de todos os jogos e de todos os campeonatos que participamos. Somos 200 milhões de legisladores que fazem as mais perfeitas leis do mundo. Somos 200 milhões de ministros do Supremo, os mais justos e imparciais que esta Terra já viu. Somos 200 milhões de presidentes que a todos os problemas resolvemos.

Traduzindo para o bom português, quem está do lado de fora sempre tem a solução para todos os males do mundo. Partindo dessa premissa, que tal responder a uma perguntinha simples?

Qual o melhor equilíbrio que um governo pode alcançar entre a governabilidade e a realização do programa do partido?

Alguns, mais apressados, poderiam alegar que equilíbrio só existe um. Logo, não existira um “melhor equilíbrio”. Ou está equilibrado ou não está. A Física newtoniana – que segue valendo, a despeito dos gurus quânticos – nos ensina que equilíbrio é a condição em que a resultante das forças que atuam em um corpo é nula. Disso resulta, na verdade, dois tipos de equilíbrio: o estado inercial ou o estado de movimento uniforme (1ª Lei de Newton).

Como a Física explica tudo, inclusive explica a política, a pergunta tem lá sua razão de ser. Frente a todas as forças que atuam sobre um governo, ele deve buscar um equilíbrio inercial ou um equilíbrio de um movimento com velocidade constante?

A questão é posta pela Denise: “Lastimo que a militância, filiada ou não, ao chegar ao poder tenha se limitado … a defender o que se conseguiu e fechar os olhos pras negociatas que foram necessárias para que esses poucos avanços, sempre em risco de acabar com a primeira mudança que as urnas trouxerem, porque não foram regulamentados, tenham sido obtidos.”

Frei Beto, no artigo recomendado pelo Sérgio, diz que “O rei está nu e a base aliada não sabe agora com que roupa comparecerá nas eleições de 2014. O governo federal vacila, ou melhor, oscila entre permanecer refém da promíscua aliança consagrada pelo “toma lá, dá cá” e as reformas de estruturas –política, tributária, agrária etc.– pelas quais a nação clama há um século e, em resposta, escuta apenas promessas que jamais se tornam realidade.”

Segundo eles, o equilíbrio obtido pelo governo o foi graças à inércia. Mas, e se olharmos não com os olhos de quem está de for e, sim, com os de quem se encontra muito dentro da tomada de decisões que podem levar, inclusive, a um desequilíbrio geral?

É de se pensar: para mudar um país com 500 anos de idade são necessários mais que 10 anos. Quiçá o tempo de algumas gerações. Uma rápida imposição de programas partidários-ideológicos com certeza bateria de frente com a zona de conforto das forças que podem, a qualquer momento, desequilibrar o movimento. Por outro lado, governabilidade significa mais tempo no poder e, portanto, maiores chances de, a médio ou longo prazo, ver enraizadas as mudanças necessárias.

Uma coisa é certa: para quem está de fora, é necessário pisar no acelerador para sair da inércia (ou, como já é habitual referir, sair da peemedebização do PT, ou dos partidos, em geral). Para quem está dentro, essa pisadinha pode significar um acidente. E não existe seguro na política. A perda pode ser total e sem reposição. Que o diga a atual oposição, desesperada que anda atrás do seu seguro, o povo que acreditava neles.

Pode ser que Lula, e agora a Dilma, tenham descoberto algo que a Física desconhece: uma terceira forma de equilíbrio.

Como diz o Sérgio, “para refletir”…

Luiz Afonso Alencastre EscosteguyO ChatoPolíticaUncategorizedTexto escrito a partir de um comentário da Denise Schmitt de Queiroz e de uma indicação de leitura do Sergio Prado Pecci, nesse post: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=655260491150971&set=a.556087944401560.136167.100000010772314&type=1 Somos um país de 200 milhões de técnicos de futebol. Vencedores de todos os jogos e de todos os campeonatos que participamos. Somos 200 milhões de legisladores que fazem...Antes de falar, pense! Antes de pensar, leia!